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Presidente do México ataca reportagem da Reuters sobre remessas do narcotráfico

Publicado 21.08.2023, 21:49
© Reuters. Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador
09/03/2023
REUTERS/Henry Romero

CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, atacou publicamente nesta segunda-feira uma reportagem da Reuters publicada na semana passada detalhando como grupos do crime organizado disfarçaram os lucros das drogas como remessas de rotina para transferir dinheiro dos Estados Unidos para o México.

A reportagem, publicada na sexta-feira, foi baseada em entrevistas com dezenas de residentes do México que disseram ter sido pagos pelo Cartel de Sinaloa para receber remessas enviadas por integrantes do grupo nos Estados Unidos e depois repassar os lucros do tráfico a membros do cartel no México. A reportagem da Reuters também se baseou em registros de oito processos judiciais federais dos EUA e entrevistas com dezenas de fontes, incluindo insiders do setor, analistas e agentes da lei em ambos os lados da fronteira para pintar um quadro detalhado de como funciona o empreendimento criminoso.

"A Reuters, eles são um pouco enganadores, mentirosos", disse López Obrador durante sua coletiva de imprensa regular, realizada todos os dias úteis pela manhã.

Um porta-voz da Reuters disse: "Mantemos nossa reportagem."

As remessas -- transferências de dinheiro feitas por trabalhadores migrantes -- dispararam sob a gestão de López Obrador conforme a economia do México vacilava e a migração para os Estados Unidos aumentava. Com o aumento das remessas legítimas, ficou cada vez mais fácil para os cartéis disfarçar seus ganhos ilícitos em pequenas transferências enviadas para pessoas comuns em todo o México que não têm ligações óbvias com o crime organizado, de acordo com quatro autoridades de segurança dos EUA e do México que falaram com a Reuters para a reportagem.

O presidente disse que a reportagem da Reuters afirmava que "a maioria das remessas está ligada à venda de drogas". Na verdade, a agência de notícias relatou que entre 7,5% e 10% de todas as remessas podem vir de atividades ilegais, de acordo com uma autoridade dos EUA que trabalha com finanças ilícitas e um relatório de março do think tank mexicano Signos Vitales citado na reportagem.

López Obrador também disse que a história da Reuters foi baseada "em uma ou duas entrevistas" e sugeriu que a principal fonte do artigo era Signos Vitales. A reportagem, no entanto, baseou-se em entrevistas com mais de 60 pessoas.

© Reuters. Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador
09/03/2023
REUTERS/Henry Romero

Signos Vitales não respondeu a um pedido de comentário sobre as declarações do presidente. Em uma publicação na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, a organização manteve seu relatório e disse que o presidente não havia "apresentado argumentos que provassem o contrário".

As remessas para o México, quase todas vindas dos Estados Unidos, atingiram o recorde de 58,5 bilhões de dólares no ano passado, segundo dados do banco central mexicano. Isso representa um aumento de 25 bilhões de dólares, ou 74%, em relação a 2018, quando López Obrador chegou ao poder.

O presidente comemorou esse aumento e elogiou os trabalhadores migrantes pelas remessas de recursos, que no ano passado representaram 4,3% do PIB do México.

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