Por Nerijus Adomaitis e Stephanie Nebehay
OSLO/GENEBRA (Reuters) - O Programa Mundial de Alimentos (PMA), a agência das Nações Unidas, recebeu o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira por seus esforços para combater a fome e melhorar as condições de paz em áreas afetadas por conflitos.
A organização, com sede em Roma, contabiliza ajuda a cerca de 97 milhões de pessoas em aproximadamente 88 países a cada ano, e afirma que uma de nove pessoas de todo o mundo ainda não tem o suficiente para comer.
"A necessidade de solidariedade internacional e cooperação multilateral é mais conspícua do que nunca", disse Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, em uma coletiva de imprensa.
O PMA é uma mola propulsora das iniciativas para evitar o uso da fome como arma de guerra e conflito, e a pandemia de Covid-19, que o PMA diz poder dobrar a fome mundial, o tornou ainda mais relevante, disse.
"A pandemia de coronavírus contribui para uma elevação forte do número de vítimas da fome no mundo", afirmou o comitê do Nobel.
"Até o dia em que teremos uma vacina, a comida é a melhor vacina contra o caos", acrescentou.
"Existe uma estimativa dentro do Programa Mundial de Alimentos de que... haverá 265 milhões de famintos dentro de um ano, então é claro que isto também é um clamor para a comunidade internacional não subfinanciar o Programa Mundial de Alimentos."
O PMA reagiu ao prêmio tuitando seus agradecimentos pelo "reconhecimento do trabalho dos funcionários do PMA, que colocam suas vidas em risco todos os dias para levar comida e assistência a mais de 100 milhões de crianças, mulheres e homens famintos em todo o mundo".
Em uma entrevista coletiva em Genebra, o porta-voz do PMA, Tomson Phiri, disse aos repórteres: "Para o PMA, neste ano, fomos muito além do cumprimento do dever."
"Tudo parou após as restrições nacionais e globais que vieram com a Covid-19. O PMA esteve à altura do desafio, conseguimos conectar comunidades. A certa altura, éramos a maior empresa aérea do mundo quando a maioria, se não todas as empresas aéreas comerciais, havia parado."
Dan Smith, diretor do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo, disse que o Comitê Norueguês do Nobel quis enviar uma mensagem tanto de esperança, quanto de "apoio à cooperação internacional".
(Reportagem adicional de Victoria Klesty e Nora Buli em Oslo, Emma Farge e Stephanie Nebehay em Genebra)