SÃO PAULO (Reuters) - O PT anunciou nesta quarta-feira que vai processar o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e questionará junto ao Conselho Nacional do Ministério Público a atuação dos procuradores que atuam nas investigações da operação Lava Jato, que investiga irregularidades na estatal.
Em entrevista coletiva, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o partido também questionará a direção da Polícia Federal e o Ministério da Justiça sobre os vazamentos que têm ocorrido nas investigações.
"É contra esse bandido que acusa o PT sem provas. E isso vai valer para qualquer outro, criminoso ou não", disse Falcão, segundo comunicado divulgado no site do partido, ao anunciar o processo contra Barusco, ex-gerente de Serviços da Petrobras. O ex-funcionário afirmou em depoimento à PF, no âmbuito de um processo de delação premiada, que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, teria arrecadado entre 150 milhões de reais e 200 milhões de reais em propina para o partido.
"O PT não recebeu doações ilegais. Suas contas foram apresentadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral", assegurou Falcão, que afirmou haver uma tentativa de "criminalizar" o PT. Ele argumentou ainda que declarações de testemunhas afirmando que os desvios na empresa teriam começado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não têm recebido destaque.
A Lava Jato investiga um esquema de corrupção na Petrobras pelo qual empreiteiras contratadas para realizar obras para a estatal teriam formado um cartel e cobrariam um sobrepreço na realização dessas obras. Em troca, pagariam propina a ex-diretores da empresa, a operadores do esquema, a políticos e a partidos.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que fez acordo de delação premiada, disse em depoimento à Justiça que PT, PP e PMDB estão entre os partidos beneficiados pelo esquema.
Até agora 39 acusados pelo Ministério Público de envolvimento no esquema já se tornaram réus na Justiça Federal do Paraná, entre eles dois ex-diretores da Petrobras --Costa e o ex-chefe da área internacional Nestor Cerveró, que está preso.
A Procuradoria-Geral da República montou uma força-tarefa para analisar o envolvimento de políticos com mandato, e que só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda não apresentou denúncia contra nenhum político.
(Reportagem de Eduardo Simões)