(Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse que o grupo Brics está a caminho de atender às aspirações da maior parte da população mundial, de acordo com comentários em uma cúpula dos países do bloco na África do Sul nesta terça-feira.
"Cooperamos com base nos princípios de igualdade, apoio à parceria, respeito pelos interesses uns dos outros, e esta é a essência do curso estratégico orientado para o futuro de nossa associação, um curso que atende às aspirações da maior parte da comunidade mundial, a chamada maioria global", disse Putin, em comentários gravados via videoconferência.
Os membros do Brics -- Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- representam mais de 40% da população mundial e a cúpula deve discutir a inclusão de novos membros, mas Putin não abordou essa questão em seus comentários.
Putin não pôde comparecer pessoalmente à cúpula por causa de um mandado de prisão emitido contra ele em março pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), acusando-o de crimes de guerra na Ucrânia.
A Rússia rejeita a acusação como ultrajante e disse que a medida não tinha significado legal, porque o país não é membro do TPI. A África do Sul é um membro, no entanto, o que significa que seria obrigada a prendê-lo se ele tivesse viajado para lá.
Putin disse que a cúpula discutirá em detalhes a questão de trocar o dólar norte-americano por moedas nacionais no comércio entre os países-membros, um processo no qual o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics irá desempenhar um grande papel.
"O processo objetivo e irreversível de desdolarização de nossos laços econômicos está ganhando força", disse ele.
O Brics é um fórum cada vez mais importante para a Rússia, em um momento em que sua economia está lutando contra as sanções ocidentais por causa da guerra na Ucrânia, e está buscando construir novas relações diplomáticas e comerciais com a Ásia, África e América Latina.
Putin disse que a Rússia está procurando desenvolver dois projetos emblemáticos em particular -- uma rota marítima do norte com novos portos, terminais de combustível e uma frota expandida de navios quebra-gelo, e um corredor norte-sul conectando portos russos com terminais marítimos no Golfo e no Oceano Índico.
Ele disse que a Rússia continuará sendo um fornecedor confiável de alimentos para a África e está finalizando as negociações sobre o fornecimento gratuito de grãos a um grupo de países africanos, como prometeu em uma cúpula em São Petersburgo no mês passado.
A promessa veio depois que a Rússia se retirou de um acordo que permitia à Ucrânia exportar grãos de seus portos no Mar Negro e depois de repetidamente bombardear portos e armazéns de grãos ucranianos, levando Kiev e o Ocidente a acusá-la de usar alimentos como arma de guerra.
(Reportagem da Reuters)
((Tradução Redação São Paulo)) REUTERS AC