Por Denis Pinchuk
MOSCOU (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que o assassinato do crítico ao Kremlin Boris Nemtsov foi uma tragédia vergonhosa carregada por um pretexto político.
Nemtsov, ex-vice-premiê, foi morto a tiros enquanto andava com sua namorada na noite de sexta-feira, nos arredores da Praça Vermelha. Ele se tornou a figura da oposição mais proeminente a ser morta na Rússia durante os 15 anos do governo de Putin.
O Kremlin negou qualquer envolvimento, dizendo que o assassinato foi uma "provocação" arquitetada para atingir Putin e dar força aos opositores, mas os amigos de Nemtsov dizem que o Kremlin é culpado por promover uma atmosfera de ódio aos oponentes.
"A atenção mais séria deve ser levada aos crimes de alto perfil, incluindo os que possuem contextos políticos. A Rússia deve ficar isenta pelo menos do tipo de vergonha e tragédia que sofremos e vimos recentemente", disse Putin em encontro com autoridades do Ministério do Interior.
"Eu me refiro ao assassinato, o assassinato audacioso de Boris Nemtsov bem no centro da capital", acrescentou o presidente.
As forças de segurança disseram que uma pista que estão explorando é que a morte estaria ligada à vida pessoal ou aos negócios de Nemtsov. Os comentários de Putin indicam que esta versão está sendo descartada.
Autoridades não realizaram prisões. Mais cedo nesta quarta-feira, o diretor do Serviço Federal de Segurança da Rússia disse que uma investigação identificou diversos suspeitos, sem dar mais detalhes.
Agências de notícias russas relataram que investigadores estavam buscando um carro ligado à morte que pode ter relação com o Ministério das Finanças.
O ministério disse em nota enviada à Reuters que o carro, um Ford, não pertence diretamente ao ministério, mas pertencia a uma empresa estatal que fornece segurança para instituições governamentais, incluindo o Ministério das Finanças.
O veículo passou pelo ponto onde Nemtsov foi morto após o incidente e quando carros de polícia já haviam chegado ao local, de acordo com a nota.
(Reportagem adicional de Luidmila Danilova)