Por Julien Toyer e Adrian Croft
MADRI (Reuters) - O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, disse nesta segunda-feira que seu Partido Popular (PP), de centro-direita, conversará com rivais na tentativa de formar um governo, depois de uma inconclusiva eleição, mas suas chances parecem pequenas sem o apoio dos partidos de esquerda.
O PP ganhou a maior fatia dos votos das eleições nacionais de domingo, mas não alcançou os 176 assentos necessários para uma maioria parlamentar, preparando o terreno para semanas de negociações complexas para chegar a pactos para governar.
Os dois maiores blocos de esquerda, a oposição Socialista e o novato Podemos, já indicaram que não irão apoiar um governo liderado pelo PP, complicando as tentativas de Rajoy para encontrar aliados que pelo menos se abstenham e o deixem formar um governo.
Rajoy declarou que ele tentará conversar, com a mente aberta, com adversários, dizendo que o PP tinha muito em comum com outros partidos e parecendo abrir uma porta para negociações com os socialistas, embora ele não tenha especificado que pactos tinha em mente.
O PP tem um mandato democrático claro para formar um governo depois de conquistar 123 assentos, disse ele à imprensa.
"O Partido Popular acredita ter uma responsabilidade e um mandato para iniciar um diálogo e explorar a viabilidade de um governo estável que possa oferecer a certeza necessária para dentro e fora da Espanha", afirmou Rajoy.
Os novatos Podemos, contra a austeridade, e o Ciudadanos, próximo à iniciativa privada, entraram pela primeira vez no palco principal da política nas eleições apertadas, terminando com o domínio do PP e dos socialistas que vem desde logo depois da morte do ditador Francisco Franco em 1975.
Os dois partidos ganharam vários assentos no Parlamento, se aproveitando da irritação geral com o declínio econômico e com a corrupção na quinta economia da União Europeia.
A votação, que colocou os socialistas em segundo lugar, na frente do Podemos e do Ciudadanos, tornou extremamente difícil para qualquer partido ganhar o apoio da maioria, levantando a possibilidade de um impasse que poderia forçar novas eleições no ano que vem.
Rajoy colocou o limite de 13 de janeiro para a primeira rodada de negociações entre os partidos, coincidindo com o dia em que o Parlamento volta ao trabalho.
Os mercados estavam assustados pela incerteza política, e investidores nervosos se distanciaram de ativos espanhóis, pressionando o mercado acionário do país.
(Reportagem adicional de Sarah White, Raquel Castillo, Victor Nauzet, Liz O'Leary, Angus Berwick, Jesus Aguado, Blanca Rodriguez, Inmaculada Sanz e Carlos Ruano, em Madri; e de Noah Barkin, em Berlim)