Por Nelson Acosta
HAVANA (Reuters) - No intuito de silenciar a polêmica as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) defenderam nesta sexta-feira tornar pública a íntegra das 18 páginas do acordo fechado com o governo na semana passada para pôr fim nos próximos seis meses a uma guerra que já dura 50 anos.
Durante as conversas de paz em Cuba, o governo colombiano e as Farc só divulgaram uma declaração de duas páginas dizendo terem concordado em estabelecer tribunais especiais para julgar ex-combatentes, inclusive guerrilheiros, soldados do governo e membros de grupos paramilitares de direita.
Embora tendo por objetivo oferecer a anistia possível, as cortes também irão impor penas drasticamente menores para aqueles que admitirem sua culpa e excluir da anistia quaisquer crimes de guerra ou crimes contra a humanidade.
O pacto causou consternação na Colômbia, onde críticos se queixam de que os rebeldes das Farc podem ficar sem punição ou extradição aos Estados Unidos, onde alguns são procurados por tráfico de drogas.
"O acordo deveria ser publicado o mais cedo possível para evitar especulações ou interpretações distorcidas do que contém", disse Ivan Márquez, negociador-chefe das Farc, a repórteres em Havana, onde as tratativas de paz transcorrem há quase três anos.
O governo se opôs à divulgação agora porque o documento está sujeito a mudanças, segundo uma porta-voz.
As conversas de paz foram retomadas nesta sexta-feira pela primeira vez desde o avanço do dia 23 de setembro, quando o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder das Farc, Rodrigo Londoño, mais conhecido como Timochenko, também acertaram que as Farc irão depor as armas dentro de 60 dias após a assinatura de um acordo de paz, cujo prazo oficial é 23 de março de 2016.
Se vitorioso, o entendimento irá encerrar um conflito que já matou 220 mil pessoas e deixou milhões desabrigadas desde 1964.