Por Makini Brice e Michael Holden
WASHINGTON/LONDRES (Reuters) - O Reino Unido criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira, depois que ele publicou no Twitter vídeos antimuçulmanos postados originalmente pela vice-líder de um grupo britânico de extrema-direita.
Jayda Fransen, líder do grupo anti-imigração Reino Unido Primeiro, publicou os vídeos dizendo que eles mostram um grupo de pessoas que são muçulmanas espancando um adolescente até a morte, agredindo um menino de bengalas e destruindo uma estátua cristã.
A decisão de Trump de retuitar os vídeos provocou críticas de ambos os lados do Atlântico, sendo que alguns parlamentares britânicos exigiram uma desculpa e grupos muçulmanos dos EUA afirmaram que era incendiário e imprudente.
"É errado que o presidente tenha feito isso", disse o porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May.
"O Reino Unido Primeiro procura dividir as comunidades através do uso de narrativas odiosas que colocam mentiras e provocam tensões. Eles causam ansiedade às pessoas que respeitam a lei."
A Reuters não conseguiu verificar as filmagens de imediato. A própria Fransen disse que eles vieram de várias fontes online que foram postadas em suas páginas de mídia social.
"Estou encantada", disse à Reuters Jayda Fransen, que tem 53 mil seguidores do Twitter. "A importante mensagem aqui é que Donald Trump se tornou ciente da perseguição e processos contra uma liderança política no Reino Unido por proferir o que a polícia disse ser um discurso anti-islâmico".
Jayda Fransen, assim como o chefe do grupo, foi detida em setembro e acusada de causar assédio religioso agravado devido à distribuição de panfletos e à publicação de vídeos na internet durante o julgamento de um caso envolvendo vários homens muçulmanos acusados, e mais tarde condenados, por estupro.
"O próprio Donald Trump retuitou estes vídeos e tem cerca de 44 milhões de seguidores! Deus te abençoe, Trump!", escreveu o Reino Unido Primeiro em uma postagem. Sua conta tem cerca de 24 mil seguidores.
Como candidato, Trump pediu um "veto a muçulmanos" e, como presidente, emitiu decretos proibindo a entrada de alguns cidadãos de vários países, mas tribunais impediram em parte que os decretos entrassem em vigor.
"Olhe, não estou falando sobre a natureza do vídeo", disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, aos repórteres. "A ameaça é real e o que o presidente está falando é a necessidade de segurança nacional, a necessidade de gastos militares, e essas são coisas muito reais. Não há nada falso sobre isso.".