Por Ange Kasongo e Justin Makangara
KINSHASA (Reuters) - A República Democrática do Congo recebeu seu primeiro lote de doses de vacina contra a mpox nesta quinta-feira, o que as autoridades de saúde esperam que ajude a conter um surto que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar uma emergência de saúde pública global.
O país africano é o epicentro do surto, que tem se espalhado para países vizinhos e outros lugares, mas a falta de vacinas no continente tem dificultado os esforços para impedir a disseminação da doença, às vezes mortal.
Um avião transportando doses fabricadas pela Bavarian Nordic (CSE:BAVA) e doadas pela União Europeia aterrissou na capital Kinshasa por volta das 9h (horário de Brasília), informaram os repórteres da Reuters no aeroporto.
O ministro da saúde do Congo, Samuel Roger Kamba Mulamba, disse aos repórteres que a vacina já havia provado seu valor nos Estados Unidos e seria distribuída para adultos no Congo.
"Sabemos quais são as províncias mais afetadas, principalmente Equateur e Kivu do Sul... A ideia é conter o vírus o mais rápido possível", acrescentou.
O primeiro lote totaliza 99.000 doses e uma nova entrega no sábado elevará o total para 200.000 doses, disse Laurent Muschel, chefe da Autoridade de Preparação e Resposta a Emergências de Saúde da UE (Hera).
De modo geral, a Europa pretende distribuir 566.000 doses para onde houver maior necessidade na região, disse Muschel à Reuters. "Com base no número de casos, o próximo país (para entregas) deve ser o Burundi, mas a agência médica do país deve autorizá-la."
A chegada da vacina no Congo deve começar a resolver uma enorme desigualdade que deixou os países africanos sem acesso às duas vacinas usadas em um surto global de mpox em 2022, enquanto as doses estavam amplamente disponíveis na Europa e nos EUA.
O Congo disse que lançará sua campanha de vacinação em 8 de outubro para dar tempo para uma campanha completa de conscientização com objetivo de superar a desconfiança em algumas comunidades.
A mpox normalmente causa sintomas semelhantes aos da gripe e lesões cheias de pus, podendo ser mortal. Foram registrados 19.710 casos suspeitos de mpox no Congo nos primeiros oito meses deste ano, de acordo com o Ministério da Saúde local. Desses, 5.041 foram confirmados e 655 foram fatais.
O vírus da mpox se espalha por meio de contato próximo, inclusive contato sexual.