MOSCOU (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta segunda-feira que a derrubada do avião malaio no leste da Ucrânia não deve ser usado com propósitos políticos e pediu aos separatista que permitam o acesso dos especialistas internacionais ao local da queda da aeronave.
"Tudo deve ser feito para garantir a segurança dos especialistas internacionais no local da tragédia", disse Putin, vestido com terno e gravata negros, em um pronunciamento pouco comum na TV, no qual ele estava sentado em um escritório.
Putin, que parecia cansado, reiterou sua crença de que o incidente não teria acontecido se as forças do governo ucraniano não tivessem encerrado uma trégua e retomado a campanha militar contra os insurgentes pró-Moscou, no leste da Ucrânia. "No entanto, ninguém deveria --e ninguém tem o direito de-- usar essa tragédia para atingir objetivos políticos egoístas. Tais eventos não deveriam dividir as pessoas e sim uní-las", disse ele.
Os comentário de Putin, feito em seguida a uma bateria de conversas diplomática ao telefone, pareceu ter como objetivo contrapor as críticas dos líderes ocidentais, que acusam o mandatário russo de não se esforçar em convencer os separatistas russos, a quem culpam pela derrubada do avião de passageiros, a interromperem o conflito.
Putin defendeu seu papel na crise e reiterou seus pedidos pelo fim das hostilidades no leste ucraniano.
"Temos mais de uma vez pedido a todas as partes no conflito que interrompam imediatamente o derramamento de sangue e comecem a negociar", disse ele.
Ele pediu a criação de um "corredor humanitário" para permitir o acesso dos especialistas ao local onde o avião foi derrubado, matando todas as 298 pessoas a bordo, dentro do território controlado por rebeldes, mas não chegou a fazer um apelo público aos separatistas.
Apesar dos apelos pelo fim do conflito, confrontos eclodiram nesta segunda-feira perto de uma estação ferroviária de Donetsk, controlada pelo movimento separatista desde abril, no que os rebeldes dizem ter sido uma tentativa da forças do governo de recuperar o controle da cidade.
(Texto de Alissa de Carbonnel)