ROMA (Reuters) - Moscou pode tentar distorcer as próximas eleições italianas ao espalhar notícias falsas nas redes sociais para favorecer partidos pró-Rússia, disse o líder da legenda de centro-esquerda italiana, o Partido Democrático (PD), nesta segunda-feira.
Enrico Letta, que está perdendo para uma aliança de direita nas pesquisas, disse que queria que as agências de inteligência italianas e a unidade de desinformação da União Europeia monitorassem a campanha eleitoral de dois meses e evitassem interferência externa.
"Estou lançando este alerta vermelho para o bem do país, mas também para o bem da Europa", disse Letta a Reuters, de seu escritório em Roma, onde está apressadamente se preparando para a eleição antecipada que foi convocada na semana passada após o colapso inesperado do governo de unidade nacional do primeiro-ministro Mario Draghi.
Esta foi a primeira vez que Letta destacou sua preocupação, embora não tenha dado nenhuma evidência de que a Rússia esteja planejando uma interferência. A embaixada russa em Roma não respondeu imediatamente a um pedido de comentário enviado por e-mail.
Dois dos principais adversários de Letta, o Forza Italia e a Liga, têm tradicionalmente laços estreitos com o presidente russo, Vladimir Putin. Seus respectivos líderes, Silvio Berlusconi e Matteo Salvini, condenaram a invasão da Ucrânia, mas também questionaram por que o Ocidente deveria enviar armas para Kiev.
"Sei muito bem que Salvini e Berlusconi estão em um caminho completamente diferente... é por isso que tenho medo da abordagem russa nesta campanha eleitoral", disse Letta, 55, que foi o primeiro-ministro italiano de 2013 a 2014.
A Liga não quis comentar. Não houve resposta imediata do Forza Italia.
Houve acusações de interferência russa nas mídias sociais em eleições anteriores, mas as agências de inteligência italianas já minimizaram a ameaça.
Pesquisas de opinião sugerem que o bloco conservador, incluindo o Forza Italia, a Liga e os Irmãos da Itália de extrema-direita, vencerão as eleições de 25 de setembro.