Por Lesley Wroughton e Parisa Hafezi
WASHINGTON/ANCARA (Reuters) - O principal assessor de segurança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta segunda-feira ao Irã para aceitar uma oferta de conversas com os EUA ou então sofrer mais danos de sanções econômicas, mas o presidente do Irã disse que Washington precisa primeiro provar que pode ser confiável.
Horas antes de sanções norte-americanas que foram retomadas estarem prontas para entrar em vigor, o assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, disse que o Irã deveria prestar atenção à boa vontade de Trump para negociar.
“Eles poderiam aceitar a oferta do presidente para negociar com eles, para abandonar seus programas de mísseis balísticos e armas nucleares completamente e de forma realmente verificável”, disse Bolton à Fox News.
“Se os aiatolás querem sair do aperto, eles deveriam vir e se sentar. A pressão não irá ceder enquanto as negociações seguirem”, disse Bolton, uma das principais autoridades de posição agressiva do governo em relação ao Irã.
As sanções, que devem entrar em vigor no início da terça-feira, miram compras iranianas de dólares norte-americanos, comércio de metais, carvão, software industriais e o setor automobilístico do país.
Inimigos há décadas, os EUA e o Irã têm estado cada vez mais em desacordo por conta da crescente influência política e militar do Irã no Oriente Médio desde que Trump assumiu, em janeiro de 2017.
As sanções renovadas estão entre as que foram suspensas sob um acordo de 2015 entre potências mundiais e Teerã em troca de contenção do programa nuclear iraniano. Trump abandonou o acordo em maio. Sanções mais duras dos EUA, mirando o setor de petróleo do Irã, estão previstas para novembro.
O rial iraniano perdeu metade de seu valor desde abril sob a ameaça de sanções renovadas dos EUA. O colapso da moeda e a inflação crescente têm gerado manifestações esporádicas no Irã contra corrupção, com muitos manifestantes gritando palavras de ordem contra o governo.
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse nesta segunda-feira que pode realizar conversas com os EUA somente se Washington provar sua confiabilidade.
Rouhani insinuou que se os EUA entrarem novamente no acordo nuclear e suspenderem sanções, então isto pode abrir caminho para novas negociações.
“Se você perfura alguém com uma faca e então você diz que quer conversar, a primeira coisa que você precisa fazer é remover a faca”, disse Rouhani em discurso transmitido ao vivo na TV estatal.
“Somos sempre a favor de diplomacia e conversas... Mas conversas precisam de honestidade”, disse Rouhani. Ele pediu para iranianos se juntarem em face das dificuldades. “Haverá pressão por conta das sanções, mas nós iremos superar isto com união”, disse.
Trump retirou os EUA do acordo nuclear, dizendo que o pacto fracassou em mirar o programa de mísseis balísticos do Irã, os termos pelos quais inspetores visitam possíveis instalações nucleares iranianas e cláusulas sob as quais alguns dos termos do acordo expiram.
Os dois países também estão em disputa sobre o envolvimento do Irã em conflitos no Oriente Médio, do Iêmen à Síria, e tensões entre Teerã e Israel.
Trump planeja reintroduzir sanções mais duras sobre o petróleo iraniano em novembro e quer que o maior número possível de países corte suas importações de petróleo iraniano para zero.
Mas a estratégica de sanções dos EUA possui diversos pontos fracos, especialmente uma relutância da Europa e China em cortar negócios com o Irã.