Por Mark Bendeich
DAVOS (Reuters) - Enquanto empresários e bancários tomam café da manhã no saguão de um hotel admirando os Alpes suíços, uma cena perturbadora se desenrola no estacionamento abaixo: homens armados mandam pessoas se ajoelhar e roubam seus relógios.
A simulação “Um Dia na Vida de um Refugiado”, que tem uma hora de duração e o objetivo de fornecer um vislumbre de como é ser um requerente de asilo, tem sido realizada há 11 anos no Fórum Econômico Mundial em Davos. Os organizadores do evento dizem que a atividade nunca foi mais necessária do que agora.
Com políticas anti-imigração ganhando força em diversos países, o grupo de ajuda humanitária que realiza a simulação quer que políticos, autoridades e executivos presentes em Davos compreendam a questão a partir da assustadora perspectiva de um refugiado.
“A mensagem é mais efetiva agora”, disse Sally Begbie, diretora da organização Crossroads Foundation. “Nós a levamos a Davos porque há pessoas fazendo políticas aqui. Nós queremos dar a elas a breve oportunidade de se colocar no lugar de um refugiado”.
Organizadores da cúpula também incluíram refugiados no programa principal do evento --um morador de longa data de um campo de refugiados no Quênia é co-presidente do evento este ano. Fora de Davos, porém, grupos de refugiados dizem que as portas estão sendo fechadas, principalmente na Europa.
Na terça-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) criticou países da Europa por não permitirem a entrada de embarcações cheias de imigrantes em portos seguros, contando, em vez disso, com a ação da guarda costeira da Líbia para devolvê-los ao perigoso país do norte da África.
Entre os requerentes de asilo que conseguiram entrar na Europa antes do fechamento dos portos, muitos têm enfrentado dificuldades para conseguir empregos. Na Itália, o governo sancionou uma nova lei que dificulta a contratação de requerentes de asilo.
Enquanto isso, no estacionamento de Davos, um grupo de funcionários de auxílio humanitário tenta convencer aqueles que fazem as políticas oficiais --assim como executivos que, juntos, contratam centenas de milhares de pessoas em todo o mundo-- a defender a entrada de refugiados.
“Eu fiquei muito emocionado. Isso ficará comigo para sempre”, disse um executivo da empresa de tecnologia norte-americana Hewlett Packard, uma das 26 pessoas que participaram da simulação realizada na terça-feira.
(Reportagem adicional de Michele Sani e Fedja Grulovic)