BEIRUTE/DAMASCO (Reuters) - Centenas de sírios fugiram de uma cidade de Ghouta Oriental controlada por rebeldes nesta quinta-feira e cruzaram a pé para posições controladas pelo governo enquanto o Exército seguia rumo ao último grande bastião rebelde perto de Damasco, disse uma testemunha da Reuters.
Homens, mulheres e crianças com cobertores, sacolas e malas caminharam ao longo de uma estrada de terra na direção de posições governamentais nos arredores da cidade de Hammouriyeh, como mostraram imagens da Al-Mayadeen, uma rede de televisão pró-governo.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos disse que mais de 3 mil pessoas deixaram Hammouriyeh rumo a posições comandadas por forças do governo, que dividiram Ghouta Oriental em três bolsões diferentes.
Foi a primeira vez que um grupo grande de pessoas fugiu do enclave desde que o Exército iniciou uma ofensiva para recapturá-lo no mês passado, disse o diretor do Observatório, Rami Abdulrahmab.
No início desta semana centenas de feridos e doentes foram retirados de Ghouta Oriental.
O que era a maior porção de território da oposição síria perto da capital Damasco foi separado em três bolsões cercados por uma ofensiva governamental que começou quase um mês atrás.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse que 25 caminhões de ajuda humanitária entraram no bolsão norte, controlado pela facção rebelde Jaish al-Islam, e que seguiam para a cidade de Douma.
Iolanda Jaquemet, porta-voz do CICV, disse que o comboio, que entrou pela passagem de Al-Wafideen, contém alimento suficiente para 26.100 pessoas durante um mês, entre outros itens.
O comboio levou 5.220 pacotes de comida do CICV e 5.220 sacos de farinha do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo a porta-voz. Um pacote alimenta uma família de cinco pessoas durante um mês.
O Observatório disse que dezenas de ataques aéreos e disparos de artilharia realizados de madrugada atingiram o bolsão sul de Ghouta Oriental.
Moscou e Damasco dizem que suas forças só visam militantes e que almejam interromper os ataques de morteiros de insurgentes que mataram dezenas de pessoas na capital. Eles acusam os rebeldes de usarem civis como escudos humanos, o que os combatentes negam.
(Por Lisa Barrington e Ellen Francis, em Beirute; Kinda Mekieh e Firas Makdesi, em Damasco; e Stephanie Nebehay, em Genebra)