SANTIAGO (Reuters) - Depois de quase quatro anos de disputas no legislativo, parlamentares no socialmente conservador Chile aprovaram nesta quarta-feira a união civil de pessoas do mesmo sexo e de casais heterossexuais não casados.
O projeto de lei, conhecido localmente como Acordo de União Civil, dará muitos dos direitos legais concedidos a casais para estimados dois milhões de chilenos.
A maioria das pessoas que deve se beneficiar das uniões civis inclui casais heterossexuais não casados, mas a medida também é considerada um grande passo para os direitos dos homossexuais.
"Uniões civis são uma instituição essencial para casais não casados que vivem juntos. Este é um estatuto jurídico que não discrimina e que será aplicado a todos os tipos de casais, e mais importante, que reconhece os diferentes tipos de famílias que temos no nosso país, dando proteção a todos elas", disse o porta-voz do governo, Álvaro Elizalde.
Agora, o projeto volta para a presidente chilena, Michelle Bachelet, para ser sancionado.
Em seu segundo mandato, Bachelet tem pressionado o legislativo num ritmo vertiginoso, incluindo uma reforma fiscal recentemente aprovada, alterações no sistema de educação e uma revisão das regras eleitorais da época da ditadura.
"Houve uma mudança cultural profunda na sociedade chilena, que se reflete no fato de a maioria das pessoas desaprovar a discriminação e segregação baseada na orientação sexual de alguém ou sua identidade de gênero", disse o porta-voz do grupo de direitos LGBT Movilh à Reuters, Rolando Jimenez.
O Chile, um dos países mais ricos da América Latina, ainda é fortemente influenciado pela Igreja Católica, que tradicionalmente considera a homossexualidade um pecado.
"Me sinto muito orgulhoso de que demos este passo histórico. Acredito que fizemos um progresso em relação ao respeito, aos direitos e à dignidade das pessoas", disse a presidente do Senado, Isabel Allende, filha do falecido ex-presidente Salvador Allende.
(Reportagem de Anthony Esposito)