Por Moussa Aksar e Boureima Balima
NIAMEI (Reuters) - O presidente do Níger, Mohamed Bazoum, foi afastado do poder, de acordo com um grupo de soldados que apareceu na televisão do país da África Ocidental na noite de quarta-feira, horas depois que o presidente foi detido no palácio presidencial.
Lendo um comunicado, o coronel Amadou Abdramane, sentado e ladeado por outros nove oficiais, disse que as forças de defesa e segurança decidiram "colocar um fim ao regime que vocês conhecem devido à deterioração da situação de segurança e má governança".
Abdramane disse que as fronteiras do Níger estão fechadas, um toque de recolher nacional foi declarado e todas as instituições da república estão suspensas.
Os soldados alertaram contra qualquer intervenção estrangeira, acrescentando que respeitarão o bem-estar de Bazoum.
A tomada militar, que marca o sétimo golpe na região da África Ocidental e Central desde 2020, pode complicar ainda mais os esforços ocidentais para ajudar os países da região do Sahel a combater uma insurgência jihadista que se espalhou a partir do Mali na última década.
O Níger, uma ex-colônia francesa, tornou-se um aliado fundamental para as potências ocidentais que buscam ajudar a combater as insurgências, mas estão enfrentando uma crescente aspereza das novas juntas no poder no Mali e em Burkina Faso.
O Níger é também um importante aliado da União Europeia na luta contra a migração irregular da África subsaariana.
A França transferiu tropas do Mali para o Níger no ano passado, depois que suas relações com as autoridades interinas de lá se deterioraram. Também retirou forças especiais de Burkina Faso em meio a tensões semelhantes.
A eleição de Bazoum foi a primeira transição democrática de poder em um Estado que testemunhou quatro golpes militares desde a independência da França em 1960.
Os Estados Unidos dizem que gastaram cerca de 500 milhões de dólares desde 2012 para ajudar o Níger a aumentar sua segurança. A Alemanha anunciou em abril que participaria de uma missão militar europeia de três anos destinada a melhorar as Forças Armadas do país.
"Bazoum tem sido a única esperança do Ocidente na região do Sahel. A França, os Estados Unidos e a UE gastaram grande parte de seus recursos na região para reforçar o Níger e suas forças de segurança", disse Ulf Laessing, chefe do programa Sahel para o instituto alemão Konrad-Adenauer-Stiftung.
Ele afirmou que um golpe criaria uma oportunidade para a Rússia e outros atores espalharem sua influência no Níger.