WASHINGTON (Reuters) - O porta-voz da Casa Branca Sean Spicer renunciou nesta sexta-feira, encerrando um curto e turbulento mandato que fez dele um nome familiar, em meio à crescente insatisfação dentro do círculo íntimo do presidente Donald Trump.
Embora não seja uma surpresa, a saída de Spicer foi abrupta e refletiu a turbulência nas equipes legais e de mídia de Trump em meio a uma ampla investigação de possíveis laços entre a campanha do presidente e a intromissão russa nas eleições presidenciais de 2016.
Sarah Sanders foi anunciada como a nova secretária de imprensa por seu novo chefe, Anthony Scaramucci, em um briefing para jornalistas na Casa Branca. Scaramucci, um ex-investidor de Wall Street, foi nomeado como a nova autoridade de comunicação mais importante do governo.
Um republicano próximo da Casa Branca disse à Reuters que Trump se decidiu por Scaramucci para o trabalho na quinta-feira e se encontrou com ele nesta manhã para oferecer o cargo formalmente.
Depois que as notícias da contratação de Scaramucci vazaram, relatou o republicano, Spicer se reuniu com Trump no Salão Oval e basicamente "deu um ultimato" que era "ele ou eu". Quando Trump não cedeu, Spicer renunciou.
Parodiado memoravelmente pela atriz Melissa McCarthy em esquete de comédia do programa “Saturday Night Live” por seus encontros conflituosos com a imprensa da Casa Branca, Spicer, de 45 anos, se tornou uma das figuras mais reconhecidas do governo Trump.
O presidente afirmou ser grato pelo trabalho de Spicer, em um comunicado lido por Sarah Sanders em um briefing.
Scaramucci disse a jornalistas: "Eu amo o presidente ... é uma honra estar aqui". Perguntado sobre como ele pretendia consertar o navio da Casa Branca, Scaramucci disse que não havia nada para ser ajustado.
"O navio está indo na direção certa. Eu gosto da equipe. Deixe-me reformular isso: eu amo a equipe", disse ele.
Scaramucci afirmou que tem trabalhado para garantir que ele não tenha conflitos de interesses decorrentes de suas atividades comerciais. Anteriormente, era gerente de fundos de hedge e executivo do Goldman Sachs. Ele disse que trabalhou com o Escritório de Ética Governamental "para cuidar de tudo isso".
POLÊMICAS
Desde o início, Spicer gerou controvérsias, atacando a mídia em sua estreia como secretário de imprensa por relatos que chamou de números inexatos da multidão na posse de Trump.
“Este foi o maior público que já testemunhou uma posse, ponto, tanto em pessoas quanto ao redor do mundo”, disse, em uma afirmação que rapidamente virou objeto de escárnio.
Spicer, que estava atuando como secretário de imprensa e diretor de comunicações, foi alvo de críticos pelo que disseram ter sido comunicados falsos ou ilusórios. Nas semanas recentes, ele subiu com menos frequência ao púlpito na sala de imprensa da Casa Branca.
Spicer e outros assessores de Trump buscaram alterar a maneira que a Casa Branca lida com a mídia, reduzindo entrevistas coletivas televisionadas diárias e as substituindo por entrevistas somente em áudio.
Separadamente, o conselheiro especial Robert Mueller, que está investigando os possíveis laços entre Trump e a Rússia, pediu para autoridades da Casa Branca preservarem quaisquer registros de um encontro no ano passado entre o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., e uma advogada russa, disse nesta sexta-feira uma fonte com conhecimento do pedido.
(Reportagem de Steve Holland, Doina Chiacu, Ayesha Rascoe e John Walcott)