Por William James e Kate Holton
LONDRES (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido Theresa May afirmou que não vai permitir concessões em sua estratégia do Brexit que sejam contra o interesse nacional, buscando dissipar o temor de alguns membros de seu Partido Conservador de que ela ceda às demandas de Bruxelas nas negociações.
No entanto, as declarações dela causaram ceticismo, inclusive do ex-negociador do Brexit David Davis, que disse que a promessa foi pouco tranquilizadora e que ele aposta que o Parlamento não dará aval ao plano de May.
Faltando menos de dois meses para que Grã-Bretanha e União Européia cheguem a um acordo para encerrar mais de 40 anos de união, Theresa May tem enfrentado dificuldades para vender o que ela chama de um "Brexit amigável para a economia" dentro do seu próprio partido e diante de um país dividido.
Depois de uma reação inicialmente cética, a União Europeia está formulando sua resposta ao que ficou conhecido como o plano de Chequers, projetado para proteger o comércio transfronteiriço.
Pressionada entre aqueles no Reino Unido que recusam mais concessões e uma UE exigindo mais concessões, May se verá diante de futuras rodadas de negociação cada vez mais complicadas, seguidas de uma votação no parlamento sobre qualquer que seja o acordo definido.
"Não serei pressionada a aceitar concessões sobre o plano de Chequers que não sejam do nosso interesse nacional", escreveu May no jornal Sunday Telegraph. O Parlamento retorna das férias de verão na próxima terça-feira.
"Os próximos meses serão críticos para moldar o futuro do nosso país e minha missão está muito clara."
Tanto a Grã-Bretanha como a União Europeia intensificaram o plano de contingência, caso os dois lados não consigam chegar a um acordo a tempo, colocando os mercados financeiros no limite e enfraquecendo a libra esterlina diante da perspectiva de desorganização econômica.
May também disse que não realizará um segundo referendo sobre a adesão da Grã-Bretanha à União Européia, reiterando uma posição de longa data na tentativa de combater as crescentes campanhas por mais uma votação pública sobre a saída ou permanência no bloco.
"Fazer o referendo novamente seria uma grande traição à nossa democracia", disse May.