LIMA (Reuters) - Três suboficiais da Marinha do Peru estão sendo processados por um suposta espionagem para o Chile, e caso se comprove o envio de informação confidencial ao país vizinho, seria um fato de "suma gravidade" que afetaria as relações bilaterais, disse nesta quinta-feira o ministro da Defesa peruano, Pedro Cateriano.
A informação era mantida em segredo para que a Justiça militar determine a responsabilidade dos suboficiais, que trabalhavam como operador de comunicações e analista de informação de inteligência da Marinha, segundo o ministro.
"É um fato absolutamente condenável, vergonhoso, que suboficiais da Armada tenham se prestado a esta categoria de contrabando de informação, por isso exortamos a Justiça militar a atuar com celeridade", afirmou Cateriano a jornalistas.
O julgamento dos suboficiais foi tornado público por um canal de televisão local, que na noite de quarta-feira mostrou imagens sobre o processo na base militar de Callao. Logo depois de sua divulgação, o ministro admitiu os processos.
"São fatos acontecidos no governo anterior e que em dois casos abarcam parte do governo atual", detalhou o ministro.
Cateriano disse que os indícios razoáveis até o momento são as movimentações dos suboficiais no exterior, que não podem ser explicadas do ponto de vista econômico.
Os marinheiros realizaram várias viagens ao Chile, assim como à Argentina, ao Brasil e à Bolívia, onde supostamente teriam se reunido com militares chilenos.
"Uma vez que se tomou conhecimento destes fatos, quando se detectou o primeiro investigado, manteve-se a reserva no caso e se pode obter uma segunda informação, e assim sucessivamente até chegar ao terceiro caso", afirmou.
Dois suboficiais teriam indicado que entregaram informações a "empresários italianos que lhes ofereceram dinheiro extra por entregar informações sobre a pesca peruana", relatou parte da mídia local.
Indagado sobre uma eventual comprovação de que a informação foi passada para o Chile, Cateriano respondeu: "Se existisse uma situação como a que foi formulada, terá que se pedir explicações sobre o caso, porque é um fato de suma gravidade que afetaria a relação bilateral entre Peru e Chile".
Entretanto, o ministro observou que o governo peruano fez "todos os esforços possíveis" para melhorar o relacionamento com o Chile nos últimos anos.
Por sua parte, o porta-voz do governo chileno, Alvaro Elizalde, disse que "não foi recebida nenhuma informação oficial a esse respeito".
"Em todo caso, as relações entre Peru e Chile passam por um momento de fortalecimento, e ambos os governos estão comprometidos com este processo", acrescentou Elizalde a jornalistas.
(Por Teresa Céspedes e Ursula Scollo; Reportagem adicional de Fabián Cambero, em Santiago)