Por Stephanie van den Berg e Toby Sterling
AMSTERDÃ (Reuters) - Juízes holandeses condenaram nesta quinta-feira três homens por assassinato por participação na queda do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014 sobre a Ucrânia, e os sentenciaram à prisão perpétua à revelia.
Um quarto homem foi absolvido.
MH17 foi um voo de passageiros que foi derrubado sobre o leste da Ucrânia em 17 de julho de 2014, matando todos os 298 passageiros e tripulantes.
"Apenas a punição mais severa é adequada para retaliar o que os suspeitos fizeram, causando tanto sofrimento a tantas vítimas e tantos parentes sobreviventes", disse o juiz Hendrik Steenhuis, lendo um resumo da decisão.
As famílias das vítimas choravam e enxugavam as lágrimas no tribunal enquanto Steenhuis lia o veredicto.
Os três homens condenados eram os ex-agentes da inteligência russa Igor Girkin e Sergey Dubinskiy, e Leonid Kharchenko, um líder separatista ucraniano.
Descobriu-se que os três ajudaram a organizar o transporte para a Ucrânia do sistema de mísseis militar russo BUK usado para derrubar o avião, embora não tenha sido eles que acionaram fisicamente o detonador.
Eles estão foragidos e acredita-se que estejam na Rússia. A extradição é considerada improvável.
Um quarto suspeito, o russo Oleg Pulatov, foi absolvido de todas as acusações.
O incidente em 2014 deixou os destroços do avião e os restos mortais das vítimas espalhados por campos de milho. A área na época era palco de combates entre separatistas pró-Rússia e forças ucranianas, precursor do conflito deste ano.
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro e afirma ter anexado a província de Donetsk, onde o avião foi abatido.
"As famílias das vítimas queriam a verdade e queriam que a justiça fosse feita e os responsáveis punidos, e foi isso que aconteceu. Estou bastante satisfeito", disse à Reuters Piet Ploeg, que dirige uma fundação que representa as vítimas. O irmão de Ploeg, a cunhada e o sobrinho morreram no MH17.
O julgamento incluiu uma indenização de 16 milhões de euros às vítimas, que será paga pelo Estado holandês se não for paga pelos condenados.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, saudou as primeiras sentenças proferidas sobre o MH17 como uma "decisão importante" do tribunal de Haia.
“Mas é preciso que quem mandou também vá parar no banco dos réus porque a sensação de impunidade leva a novos crimes”, escreveu ele no Twitter. "Temos que dissipar essa ilusão. A punição para todas as atrocidades russas - tanto antes quanto agora - será inevitável."