WASHINGTON (Reuters) - O presidente norte-americano, Donald Trump, disse nesta sexta-feira desconhecer o uso de mensagens criptografadas no WhatsApp em conversa entre seu genro e o assessor da Casa Branca, Jared Kushner, um dia após um importante congressista questionar a comunicação não-oficial.
Na quinta-feira, o presidente do Comitê de Supervisão da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Elijah Cummings, questionou a Casa Branca sobre o uso extraoficial do aplicativo de mensagens como parte de trabalho governamental de Kushner.
Em uma carta para a Casa Branca, vista pela Reuters, Cummings afirmou que o advogado de Kushner contou aos parlamentares sobre a utilização do WhatsApp de seu cliente para tarefas oficiais, uma atitude que violaria as atuais leis que proíbem autoridades da Casa Branca de usar contas não-oficiais de mensagens eletrônicas.
Trump, falando com repórteres na Casa Branca logo antes de embarcar para seu resort Mar-a-Lago, na Flórida, onde passará o fim de semana, negou qualquer conhecimento sobre a comunicação extraoficial de Kushner.
"Não sei nada sobre isso. Nunca ouvi isso, nunca ouvi sobre isso", disse o presidente republicano.
Cummings, em sua carta, na quinta-feira, afirmou que o advogado de Kusher, Abbe Lowell, também contou aos Congresso que Ivanka Trump -- a filha do presidente, esposa de Kushner e também importante conselheira da Casa Branca -- continuou a utilizar uma conta pessoal de e-mail para negociações oficiais. Isso também violaria o Ato de Registros Presidenciais.
Lowell, em uma carta separada a Cummings, chamou os comentários anteriores do presidente do comitê democrata de "não totalmente apurados."
O advogado negou dizer a congressistas que Kushner havia se comunicado por qualquer aplicativo com "autoridades" ou "líderes" estrangeiros, mas afirmou que Kushner utilizou esses aplicativos para se comunicar com "algumas pessoas", sem especificar quais.
Lowell também negou dizer que Ivanka Trump continuou a receber e-mails relacionados a negociações oficiais em um endereço pessoal. Ele disse que Ivanka Trump "sempre direciona assuntos oficiais para sua conta da Casa Branca".
Na corrida presidencial de 2016, Trump protestou contra sua oponente democrata, Hillary Clinton, por usar um servidor de e-mail particular durante seu tempo como secretária de Estado, inspirando coros em seus comícios sobre "trancá-la". O FBI e o Departamento de Justiça investigaram Clinton, mas não apresentaram acusações.
A comunicação de Kushner, particularmente com líderes estrangeiros, está sob observação crítica desde a campanha presidencial, e perguntas foram levantadas sobre sua credencial de segurança.
O WhatsApp pertence ao Facebook.
(Reportagem de Susan Heavey e Jeff Mason)