Por Babak Dehghanpisheh e Peter Graff
BEIRUTE/LONDRES (Reuters) - Empresas que fizerem negócios com o Irã serão banidas dos Estados Unidos, disse o presidente Donald Trump nesta terça-feira, quando novas sanções norte-americanas entraram em vigor apesar dos apelos de aliados de Washington.
O Irã rejeitou uma oferta de última hora do governo Trump para conversar, dizendo que não pode negociar pelo fato de os EUA terem se desfiliado do acordo de 2015 mediante o qual sanções foram suspensas em troca de limites ao programa nuclear iraniano.
Trump decidiu retirar seu país do pacto neste ano, ignorando pedidos de outras potências mundiais que também patrocinaram o acordo, entre eles os principais aliados de Washington na Europa, Reino Unido, França e Alemanha, além da Rússia e da China.
Esperando persuadir Teerã a continuar a respeitar o acordo, países europeus prometeram tentar amenizar o impacto das sanções e incentivar suas empresas a não deixarem o Irã, mas isso se mostrou difícil –as empresas o fizeram argumentando que não podem arriscar seus negócios nos EUA.
"Estas são as sanções mais agressivas já impostas, e em novembro elas sobem mais um nível. Qualquer um que fizer negócios com o Irã NÃO fará negócios com os Estados Unidos. Estou pedindo a PAZ MUNDIAL, nada menos!", tuitou Trump nesta terça-feira.
O Ministro de Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, criticou o tuíte de Trump, que disse ser um clichê gasto, e denunciou o "unilateralismo dos EUA".
"E não é a primeira vez que um senhor da guerra afirma estar guerreando pela 'paz mundial'", tuitou Zarif.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse na segunda-feira que a única chance que Teerã tem para escapar das sanções seria aceitar uma oferta de negociar um acordo mais rígido com Trump.
"Se os aiatolás querem sair desse aperto, deveriam vir e conversar. A pressão não cederá enquanto as negociações correm", disse Bolton, um dos principais falcões do governo no tocante ao Irã, à rede Fox News.
Nesta terça-feira Bolton disse que as sanções já estão funcionando por estarem desestimulando empresas europeias: "Os governos europeus ainda estão se apegando ao acordo nuclear, mas honestamente seus negócios estão fugindo dele o mais rápido que podem, então o efeito das sanções americanas está ocorrendo do mesmo jeito."
Washington reconhece que o Irã cumpre os termos do pacto de 2015, firmado pelo antecessor de Trump, Barack Obama, mas diz que ele é falho por não ser rigoroso o suficiente. Teerã diz que continuará a cumpri-lo por ora se outros países ajudarem a protegê-lo do impacto econômico da saída dos EUA.
(Reportagem adicional de Susan Heavey em Washington)