Por Jeff Mason e Stephen Kalin
LOS ANGELES/JEDDAH (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira que há muitas opções antes de guerra com o Irã, após a Arábia Saudita, aliada dos EUA, exibir restos de drones e mísseis que afirma terem sido usado em um ataque "inquestionavelmente patrocinado" por Teerã contra instalações de petróleo.
"Há muitas opções. Há a opção final e há opções que são muito menos que isso. Nós veremos", disse Trump a repórteres em Los Angeles. "Estou dizendo que a opção final significa ir à guerra."
Trump, que mais cedo ordenou ao secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, "aumentar substancialmente as sanções" sobre o Irã, disse a repórteres nesta quarta-feira que irá fornecer mais detalhes sobre isso dentro de 48 horas.
A publicação de Trump no Twitter seguiu afirmações norte-americanas de que a República Islâmica está por trás do ataque de sábado e foi feita horas após a Arábia Saudita afirmar que o ataque foi um "teste da determinação global".
O Irã voltou a negar qualquer envolvimento no ataque que reduziu pela metade a produção de petróleo da Arábia Saudita.
A responsabilidade pelo ataque foi assumida pelo movimento houthi do Iêmen, alinhado ao Irã, que luta contra uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita.
Em uma afirmação que pode intensificar ainda mais uma atmosfera política já tensa no Golfo, os houthis disseram ter identificado dúzias de locais nos Emirados Árabes Unidos como possíveis alvos.
Um total de 25 drones e mísseis foram lançados contra duas instalações sauditas nos ataques do último fim de semana, disse o porta-voz do Ministério da Defesa da Arábia Saudita, coronel Turki al-Malki.
“O ataque foi lançado do norte e inquestionavelmente patrocinado pelo Irã”, disse ele, acrescentando que veículos aéreos não tripulados (UAV, na sigla em inglês) iranianos foram utilizados juntamente com mísseis de cruzeiro.
Uma investigação sobre a origem dos ataques ainda está em andamento e o resultado será anunciado posteriormente, disse.
O ataque expôs brechas na defesa aérea saudita apesar de bilhões de dólares gastos em equipamentos militares ocidentais.
Provas de responsabilidade iraniana, especialmente evidências concretas de que o ataque foi realizado a partir de território iraniano, podem pressionar Riad e Washington a uma resposta. Ambos os países, no entanto, têm destacado a necessidade de cautela.
Trump afirmou anteriormente que não deseja uma guerra e está coordenando a situação com países do Golfo e da Europa.
O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, governante de facto da Arábia Saudita, afirmou que o ataque é "um teste real da determinação global" para confrontar a subversão da ordem internacional.
Seu enviado a Londres, o príncipe Khalid bin Bander, disse à BBC que o ataque foi "quase certamente" apoiado pelo Irã. "Estamos tentando não reagir muito rapidamente porque a última coisa que queremos é mais conflito na região."
O Irã rejeitou as alegações.
“Eles querem impor... pressão máxima sobre o Irã por meio de calúnias”, disse o presidente do Irã, Hassan Rouhani, segundo a mídia estatal. “Não queremos conflitos na região... Quem iniciou o conflito?”, disse ele, culpando o governo dos Estados Unidos e seus aliados no Golfo Pérsico pela guerra no Iêmen.
O ataque expôs a vulnerabilidade da infraestrutura petrolífera da Arábia Saudita e lançou um desafio aos Estados Unidos, que deseja conter a influência iraniana na região.
"O ataque é como o 11 de Setembro para a Arábia Saudita, é um divisor de águas", disse um analista de segurança saudita.