Por Eric Beech e Karen Freifeld e Warren Strobel
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou incredulidade com a informação de que seu advogado pessoal, Michael Cohen, teria gravado uma conversa entre os dois, um dia depois que o áudio de uma discussão entre Trump e Cohen foi divulgado por emissora norte-americana.
Lanny Davis, advogado de Cohen, divulgou a gravação na qual Trump e Cohen discutem pagar pelos direitos da história de uma modelo da Playboy sobre um suposto caso com o hoje presidente dos Estados Unidos e o áudio foi transmitido pela CNN na noite de terça-feira.
Davis disse à CNN que divulgou a gravação para contestar uma alegação do advogado de Trump, Rudy Giuliani, de que o áudio apenas mostraria que Trump deixou claro que caso houvesse um pagamento deveria ser por cheque --o que seria facilmente rastreado. Giuliani alega que o pagamento nunca foi feito.
Na gravação, Trump é ouvido dizendo "pague com dinheiro". Então, Cohen responde repetidamente "Não".
De acordo com Giuliani, em sua transcrição da gravação, Trump diz "Não pague com dinheiro. Cheque".
A Reuters não foi capaz de verificar a conversa inteira entre os dois homens devido a baixa qualidade da gravação. Davis e Giuliani não responderam a pedido de comentários adicionais.
Em uma entrevista à ABC News, Davis contestou a caracterização de Giuliani da ligação e disse que o meio do pagamento era irrelevante.
"Não é sobre dinheiro versus não-dinheiro. É sobre a verdade", disse Davis no programa "Good Morning America" na quarta-feira.
A discussão de qualquer pagamento poderia apoiar as alegações dos críticos de Trump, incluindo grupos como o Causa Comum, de que um pagamento beneficiou sua campanha presidencial e a falha em documentá-lo seria potencialmente ilegal.
Sob a lei eleitoral dos EUA, os candidatos presidenciais devem divulgar as contribuições de campanha, que são definidas como coisas de valor dadas a uma campanha para influenciar uma eleição.
Especialistas jurídicos têm dito que um pagamento não violaria essas leis se fosse feito por motivos pessoais.
"As pessoas na posição de Trump têm todas as razões para fazer esse tipo de pagamento, como a harmonia familiar ou a manutenção da viabilidade comercial", disse Bradley Smith, professor da Capital University Law School e ex-presidente da Comissão Eleitoral Federal.
Giuliani tem dito que o pagamento proposto era um assunto pessoal e não está sujeito à lei de financiamento de campanhas.
Antes da eleição, a campanha de Trump negou ter conhecimento sobre qualquer pagamento feito à modelo, mas a gravação pode contradizer essas negações.
"Que tipo de advogado gravaria um cliente? Tão triste! Será essa a primeira vez, nunca ouvi sobre isso antes. Porque a gravação foi terminada (cortada) tão abruptamente enquanto eu estava supostamente dizendo coisas positivas? Eu ouvi que há outros clientes e muitos repórteres que foram gravados --será mesmo? Que pena!", escreveu Trump em publicação no Twitter.