WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que não cometeu qualquer irregularidade, mas que tem poder legal "absoluto" para se perdoar, repetindo argumento apresentado por seus advogados em um documento entregue ao procurador especial que investiga uma suposta interferência da Rússia na eleição norte-americana de 2016.
No documento, revelado pelo jornal New York Times no sábado, os advogados de Trump sustentam que o presidente não poderia ter obstruído a investigação uma vez que tem autoridade irrestrita sobre todos os inquéritos federais, sob os poderes que a Constituição lhe concede.
A carta de 20 páginas encaminhada em janeiro ao procurador especial Robert Mueller foi uma resposta a pedidos recorrentes do escritório de Mueller para interrogar Trump, segundo o NYT.
"Como foi afirmado por vários estudiosos legais, tenho o direito absoluto de me perdoar, mas por que eu faria isso se não fiz nada errado?", escreveu Trump no Twitter nesta segunda-feira, reiterando sua afirmação de que o inquérito sobre a Rússia é uma "caça às bruxas".
"A nomeação do procurador especial é totalmente inconstitucional", disse Trump em outro tuíte.
A Rússia negou a avaliação de agências de inteligência dos EUA segundo as quais Moscou procurou intervir na eleição de 2016 para melhorar as chances de Trump ser eleito. Trump também disse não ter havido conluio com sua campanha.
No domingo, o advogado de Trump Rudy Giuliani disse em uma entrevista ao programa "This Week", da rede ABC, que o presidente provavelmente tem poder para se perdoar, mas que não pretende fazê-lo.
Vários perdões concedidos por Trump, inclusive um da semana passada a um comentarista político conservador condenado por crimes de financiamento ilegal de campanhas, também criaram dúvidas sobre a maneira como ele usa o poder de perdão presidencial e levaram alguns estudiosos constitucionais, analistas legais e parlamentares democratas a acusá-lo de minar o Estado de Direito com perdões baseados em considerações políticas.
(Por Susan Heavey e Doina Chiacu)