Por Richard Cowan e Steve Holland
WASHINGTON/MCALLEN, Texas (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que está instruindo agências federais a começarem a reunir pais e filhos que foram separados na fronteira com o México depois de entrarem no país ilegalmente, um primeiro passo para implantar um decreto presidencial que reverte uma política que atraiu críticas de todo o mundo.
O anúncio de Trump ocorreu no momento em que sua esposa, Melania, procurava apaziguar os ânimos visitando um centro de detenção de fronteira do Texas onde crianças estão sendo detidas. Vídeos de crianças sentadas em jaulas e uma gravação de áudio de crianças chorando provocaram indignação ao serem divulgados mundialmente.
Trump disse em uma reunião de gabinete que instruiu os Departamentos de Justiça, Segurança Interna e Saúde e Serviços Humanos "a trabalharem juntos para manter as famílias de imigrantes juntas durante o processo de imigração e reaproximar os grupos previamente separados".
Diante do repúdio internacional à política de separações, Trump assinou um decreto na quarta-feira ordenando que fossem interrompidas e que as famílias sejam mantidas unidas no decorrer dos procedimentos de imigração. O decreto ainda pode ser contestado na Justiça, e advogados do governo devem apresentar uma solicitação ainda nesta quinta-feira para modificar um acordo judicial de 1997 que limita a detenção federal de menores a 20 dias.
O decreto, um recuo incomum para Trump, transfere pais com crianças para o início da fila de procedimentos de imigração, mas não encerra a política de "tolerância zero" que exige processos contra imigrantes que atravessem a divisa ilegalmente, como manda o estatuto de entradas criminosas do país.
O governo também pediu uma legislação permanente, mas republicanos do Congresso disseram que a Câmara dos Deputados provavelmente rejeitará dois projetos de lei concebidos para deter a prática de separar famílias e abordar uma gama de outras questões ligadas à imigração.
Os deputados republicanos Ralph Norman e Mark Meadows, membros proeminentes do conservador Caucus da Liberdade, disseram aos repórteres que não acreditam que nenhum dos projetos de lei tem apoio suficiente para passar pela Câmara de maioria republicana.
O presidente da Câmara, Paul Ryan, disse que os governistas ainda estão tentando angariar votos, mas não pareceu confiante.
Os dois projetos de lei –apoiados por Trump, mas rejeitados por democratas e ativistas pró-imigração– financiariam o muro que Trump propôs construir na fronteira com o México e reduziriam a imigração legal, em parte negando vistos a alguns parentes de moradores dos EUA e cidadãos vivendo no exterior.