WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá decidir se invoca ou não seus poderes presidenciais para impedir que o ex-diretor do FBI James Comey testemunhe perante o Congresso na semana que vem, disse Kellyanne Conway, uma das principais conselheiras da Casa Branca, nesta sexta-feira.
Comey, demitido por Trump no mês passado, deve se pronunciar na quinta-feira diante do Comitê de Inteligência do Senado tanto em uma sessão aberta quanto a portas fechadas. As audiências podem aumentar os problemas que o presidente enfrenta devido à suposta interferência da Rússia na eleição do ano passado e a um possível conluio de sua campanha.
Em uma entrevista à rede ABC News, Conway pareceu indicar que o presidente irá permitir que Comey testemunhe, dizendo: "Estaremos assistindo com o resto do mundo quando o diretor Comey testemunhar".
Mas quando indagada se Trump usará seu privilégio executivo para impedir que Comey fale aos parlamentares, Conway acrescentou: "O presidente irá tomar esta decisão".
Especialistas legais dizem que Trump poderia invocar uma doutrina chamada privilégio executivo para tentar barrar um testemunho de Comey, mas tal manobra provavelmente sairia pela culatra e seria questionada nos tribunais, opinaram.
Trump despediu Comey em 9 de maio, desencadeando uma tempestade política e acusações de críticos segundo os quais ele tentou, de maneira imprópria, conter uma investigação da Polícia Federal dos EUA sobre o papel russo na eleição e um conluio em potencial com a campanha, uma ligação que Trump nega.
Comey deve ser indagado pelo comitê do Senado a respeito de conversas nas quais o presidente o teria pressionado para que desistisse de uma investigação relacionada do FBI sobre seu ex-conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, cujos laços com a Rússia estão sendo analisados.
O Departamento de Justiça e vários comitês congressuais estão investigando a questão russa.
Moscou vem negando a conclusão de agências de inteligência dos EUA de que os russos buscaram influenciar a votação a favor de Trump, mas o presidente russo, Vladimir Putin, disse na quinta-feira que alguns indivíduos russos podem ter atuado por conta própria.
(Por Susan Heavey)