Por Jeff Mason e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ansioso para voltar a fazer campanha depois de ser afastado por uma infecção de Covid-19, retomará os trabalhos com uma declaração a apoiadores na Casa Branca, ao ar livre, no sábado, e realizará um comício na Flórida dois dias depois.
Uma autoridade da Casa Branca informou que Trump se dirigirá ao público no sábado de uma sacada sobre o tema "lei e ordem". Uma fonte familiarizada com a situação disse que o número de apoiadores poderá chegar às centenas e que todos devem estar utilizando máscaras.
Na noite de segunda-feira, Trump fará seu primeiro comício de campanha desde seu diagnóstico da Covid-19 em Sanford, no centro da Flórida, um Estado crucial quanto às suas esperanças de reeleição. O evento ocorrerá em um aeroporto, e a campanha não divulgou se será realizado em um hangar com as portas abertas, como no passado, ou inteiramente do lado de fora.
Ainda não se sabe se Trump, que anunciou que tinha o vírus no dia 2 de outubro e passou três noites em um hospital militar, ainda está contagioso. Ele disse à rede Fox News que provavelmente faria um exame nesta sexta-feira.
A doença impediu o presidente republicano de realizar comícios públicos e de atender eventos de arrecadação em uma conjuntura crítica da campanha. Ele está atrás do rival democrata Joe Biden em pesquisas de opinião a poucas semanas da eleição de 3 de novembro.
Os participantes do comício na Flórida terão a temperatura medida, receberão máscaras --as quais serão incentivados a usar-- e terão acesso a desinfetante para as mãos, disse a campanha.
Kayleigh McEnany, porta-voz da Casa Branca, disse que o presidente está trabalhando duro e está pronto para partir assim que tiver aprovação de seu médico, dizendo à Fox News: "Ele quer conversar com o povo americano, e quer estar lá fora".
Trump e seu governo enfrentaram críticas pela forma como enfrentaram a pandemia, bem como por uma abordagem negligente quanto ao uso de máscaras e ao distanciamento social na Casa Branca, e, nos últimos dias, por mensagens desencontradas sobre o estado de saúde do presidente.
Como seu manejo da pandemia domina a campanha, uma nova pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que os norte-americanos estão perdendo a confiança continuamente na maneira como ele administra a crise de saúde -- sua aprovação neste quesito atingiu uma nova baixa.
Sean Conley, o médico oficial da Casa Branca, disse em um memorando divulgado na quinta-feira que Trump finalizou sua terapia contra a Covid-19, continua estável desde que voltou do Centro Médico Walter Reed na segunda-feira e poderia retomar os compromissos públicos no sábado.
"Existem exames médicos em andamento que nos darão a certeza de que, quando o presidente voltar a sair, não poderá transmitir o vírus", disse McEnany, acrescentando que Conley fornecerá os detalhes mais tarde. "Ele não sairá se puder transmitir o vírus."
McEnany faz parte de uma série de assessores de Trump, incluindo seu gerente de campanha, que testaram positivo na semana passada, enquanto o vírus se propagava pela Casa Branca e pela campanha de Trump.
Principal autoridade em doenças infecciosas dos Estados Unidos, o doutor Anthony Fauci afirmou à MSNBC na quinta-feira que o protocolo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) mencionava que um paciente é considerado infeccioso por 10 dias a partir do início dos sintomas ou até que teste negativo, em duas ocasiões, com intervalo de 24 horas.
A Casa Branca se recusou a informar quando Trump testou negativo pela última vez.
Trump marcou uma entrevista com a Fox News para a noite desta sexta-feira, sua primeira desde que foi diagnosticado. Bem a propósito, sendo ele um ex-astro de reality show, a Fox informou que o doutor Marc Siegel "realizará uma avaliação médica e uma entrevista durante o programa".
Biden se manteve em campanha durante a doença de Trump, e nesta sexta-feira tinha eventos agendados em Las Vegas, no Estado de Nevada.
O ex-vice-presidente Biden, que criticou duramente a forma como Trump lidou com a pandemia, está liderando as pesquisas nacionais, mas a vantagem é menor em alguns dos Estados indecisos, que podem determinar o resultado da eleição.
(Reportagem adicional de Susan Heavey)