Por Doina Chiacu e Emily Stephenson
WASHINGTON (Reuters) - O favorito para se tornar o candidato republicano a presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que mulheres que terminam a gravidez devem ser punidas se os EUA proíbem o aborto, provocando uma enxurrada de reações negativas de críticos, incluindo dos seus rivais na corrida presidencial.
Depois que o canal de TV MSNBC transmitiu um trecho de uma entrevista com os comentários de Trump, o bilionário recuou nas suas afirmações, declarando primeiro que o tema do aborto deveria ser tratado pelos Estados e, depois, acrescentando que os médicos que fazem o aborto, e não as mulheres, devem ser considerados legalmente responsáveis.
"O médico ou qualquer outra pessoa fazendo esse ato ilegal numa mulher seria considerado legalmente responsável, e não a mulher”, afirmou Trump no seu comunicado final. “A mulher é uma vítima nesse caso, como é a vida no útero dela.”
Os comentários iniciais de Trump atraíram críticas duras tanto de apoiadores quanto de opositores do direito ao aborto.
O empresário bilionário têm conquistado apoio de eleitores republicanos ao se vender como alguém que não faz parte dos círculos de Washington. No entanto, o candidato também é pressionado pelos conservadores para se mostrar um deles em temas como aborto, e ele tem provocado críticas por declarações que ofendem mulheres e minorias.
"Tem que haver alguma forma de punição” para as mulheres, disse ele na entrevista à MSNBC. Perguntado sobre a forma que ele defenderia, Trump respondeu: “Isso eu não sei”.
"É claro que as mulheres não devem ser punidas”, disse na quarta-feira o pré-candidato republicano e rival de Trump John Kasich, que afirmou ser contrário ao aborto, excetuando casos específicos como estupro.
O grupo antiaborto March for Life divulgou um comunicado dizendo que as mulheres devem “considerar vias terapêuticas, e não punição”.
Depois da reação contrária, a campanha de Trump buscou moderar a visão do candidato. “O tema não está claro e deve ser colocado de volta para os Estados para uma determinação”, afirmou Trump num comunicado enviado à Reuters por e-mail.
Mais tarde, ele recuou ainda mais, dizendo que os médicos, e não as mulheres, devem ser responsáveis.