Por Susan Heavey e Makini Brice e Tom Perry
WASHINGTON/BEIRUTE (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou a Rússia nesta quarta-feira de ação militar iminente na Síria por conta de um possível ataque com gás venenoso, ao declarar que mísseis “estão a caminho” e criticar Moscou por ficar ao lado do presidente da Síria, Bashar al-Assad.
A Casa Branca rejeitou sugestões de que Trump havia divulgado seus planos para ataques militares via Twitter, dizendo que ele não estabeleceu um calendário para ação, que todas as opções ainda estão na mesa e que ele está avaliando como responder.
O tuíte de Trump foi em reação a um alerta da Rússia de que quaisquer mísseis norte-americanos disparados contra a Síria por conta de um ataque mortal contra o enclave rebelde de Douma, próximo a Damasco, serão derrubados e locais de lançamento serão alvos.
Seus comentários levantaram a possibilidade de conflito direto sobre a Síria pela primeira vez entre as duas potências mundiais que apoiam lados opostos na guerra civil de sete anos, que tem agravado a instabilidade no Oriente Médio.
“A Rússia promete derrubar todo e qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepare-se, Rússia, porque estão a caminho, lindos e novos e ‘inteligentes’!”, escreveu Trump em uma postagem no Twitter.
“Vocês não deveriam ser parceiros de um animal que mata com gás, que mata pessoas e se diverte com isso!”, tuitou Trump em referência à aliança russa com Assad.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores russo disse em uma postagem no Facebook que “mísseis inteligentes deveriam voar na direção de terroristas, não na direção do governo legítimo”.
Damasco e Moscou negaram qualquer responsabilidade e dizem que o incidente é falso.
Dezenas de pessoas em Douma morreram e centenas ficaram feridas no ataque, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, usando um tom cauteloso após a ameaça de Trump de ataque com mísseis, disse que os EUA estão juntando inteligência sobre o suposto ataque.
Perguntado se havia visto evidências suficientes para culpar Assad, Mattis disse: “Nós ainda estamos trabalhando nisto”.
O Exército dos EUA está pronto para fornecer opções militares, caso apropriado, acrescentou. É incerto se suas afirmações refletiam descontentamento com o evidente movimento de Trump em direção a ação militar.
Duas fontes do governo norte-americano disseram à Reuters que os EUA ainda não possuem evidências 100 por cento sólidas de qual agente nervoso foi usado na Síria e de onde ele veio. No entanto, há algumas evidências de que ele foi borrifado de helicópteros, disseram.
Em Moscou, o chefe do comitê parlamentar de Defesa da Rússia, Vladimir Shamanov, disse que a Rússia está em contato direto com o Estado-Maior Conjunto dos EUA sobre a situação.
O Observatório Sírio para Direitos Humanos, um órgão monitor da guerra sediado no Reino Unido, disse que forças pró-governo estavam esvaziando principais aeroportos e bases aéreas militares. O Exército sírio também está reposicionado alguns meios aéreos para evitar possíveis ataques a mísseis, disseram autoridades dos EUA à Reuters.
O Exército russo informou ter observado movimentos das forças da Marinha dos EUA no Golfo. Qualquer ataque norte-americano irá provavelmente envolver a Marinha, dado o risco a aeronaves por conta das defesas aéreas russas e sírias. Um destróier norte-americano com mísseis guiados, o USS Donald Cook, está no Mediterrâneo.
(Reportagem adicional de Dahlia Nehme, em Beirute, Jeffrey Heller, em Jerusalém, Michelle Nichols, nas Nações Unidas, Andrew Osborn e Maria Kiselyova, em Moscou, William Schomberg, em Londres, Anthony Deutsch, em Amsterdã, Steve Holland, Idrees Ali, Mark Hosenball, Phil Stewart, Jeff Mason e Yara Bayoumy, em Washington, Jamie Freed, em Cingapura, e Stephanie Nebehay, em Genebra)