Por Megan Cassella
WASHINGTON (Reuters) - Donald Trump, pré-candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos favorito nas pesquisas, teve que lidar nesta quinta-feira com as consequências de seus comentários a respeito de punições a mulheres que fazem aborto, inclusive de seus adversários na corrida pela Casa Branca.
Na quarta-feira, o empresário bilionário voltou atrás rapidamente em relação à declaração, feita durante um evento de campanha patrocinado pela rede MSNBC, de que as mulheres que interrompem a gravidez deveriam ser punidas se os EUA proibirem o aborto. Os comentários provocaram uma avalanche de críticas dos dois lados do debate sobre a prática.
A campanha de Trump continuou a lidar com as repercussões na quinta-feira. A porta-voz Katrina Pierson disse que os comentários iniciais do pré-candidato foram um "simples escorregão" e que ele não concorda com a penalização de mulheres que fazem abortos, ainda que eles fossem ilegais.
"Vocês têm um pré-candidato presidencial que esclareceu o assunto não uma, mas duas vezes", afirmou Katrina à CNN. Ela descreveu o magnata de Nova York como "pró-vida com exceções" e enfatizou os dois comentários de Trump que se seguiram à entrevista da MSNBC como uma amostra precisa de suas opiniões.
"Não deveríamos fazer disto uma manchete durante 24 horas quando temos coisas como o terrorismo acontecendo neste mundo", disse.
Trump, que lidera a corrida pela indicação republicana para a eleição presidencial do dia 8 de novembro, voltou atrás em relação a seus comentários iniciais uma hora depois, primeiro emitindo um comunicado dizendo que os Estados do país deveriam lidar com questões ligadas ao aborto e mais tarde dizendo que os médicos que realizam o procedimento deveriam ser responsabilizados.
A polêmica mais recente desencadeada pelo ex-apresentador de reality shows ameaça erodir ainda mais sua posição entre as eleitoras. Muitas mulheres já se ofenderam com o uso de vulgaridades do pré-candidato e com a linguagem insultante para descrevê-las.
O aborto foi legalizado em uma audiência da Suprema Corte mais de 40 anos atrás, mas a prática causa divisões na política norte-americana há tempos.
A rejeição do aborto é uma questão central na plataforma da maioria dos políticos conservadores, e embora Trump venha angariando apoio de eleitores republicanos que o veem como alguém alheio à política tradicional, ele também foi questionado por já ter apoiado o acesso ao aborto.
O senador Ted Cruz, rival mais próximo de Trump na disputa republicana, disse na quarta-feira que ficou claro que o empresário não refletiu devidamente sobre o tema e mais tarde classificou seus comentários como "infelizes" e "errados".