Por Robin Pomeroy
VENEZA, Itália (Reuters) - O único filme dirigido por uma mulher indicado ao principal prêmio do Festival Internacional de Cinema de Veneza foi vaiado por um membro da plateia, que chamou a diretora Jennifer Kent de "prostituta" na quarta-feira, fortalecendo os temores de sexismo no evento, já acusado de não valorizar cineastas mulheres.
"The Nightingale", da roteirista e diretora australiana Jennifer Kent, conta a história de uma mulher que busca vingança depois que sua família é assassinada e ela é estuprada. O filme estreou mundialmente nesta quinta-feira, mas foi exibido para jornalistas um dia antes.
Depois que relatos da ofensa se espalharam pelas redes sociais um homem chamado Sharif Meghdoud, que escreve resenhas de filme em italiano na internet, assumiu responsabilidade.
"Para evitar qualquer especulação sobre o que eu posso ter dito, repito aqui: 'Que vergonha, prostituta, você é nojenta!'. Algo que simplesmente saiu da minha boca, sem pensar no que eu estava dizendo ou nas consequências", escreveu Meghdoud em sua página de Facebook (NASDAQ:FB).
A Reuters compareceu à pré-estreia, na qual aplausos foram ouvidos quando o nome de Jennifer apareceu nos créditos. Testemunhas disseram que foi nesse momento que a ofensa foi dita.
Jennifer, conhecida pelo aclamado terror psicológico "The Babadook", foi indagada em coletiva de imprensa sobre como se deve lidar com tais agressões.
"Acho que é de importância absoluta reagir a ignorância com compaixão e amor-- não existe outra opção", respondeu.
O Festival de Veneza, que só selecionou um filme feito por uma diretora para concorrer ao Leão de Ouro, contra 20 produções de diretores, disse no Twitter (NYSE:TWTR) que cancelou a credencial da pessoa responsável pela ofensa.
Meghdoud disse ter se tratado de "uma anomalia que garanto que nunca acontecerá novamente".
"Acima de tudo peço desculpas a todas as pessoas que ficaram ofendidas, à diretora Jennifer Kent, à qual desejo uma carreira esplêndida, e à Biennale de Veneza... pela vergonha que passei em nível internacional", escreveu no Facebook.
O crítico disse esperar que seu pedido de desculpas "evite um linchamento ou crucificação pública por um comentário idiota que não foi feito com má fé".
Meghdoud não respondeu de imediato a um pedido de comentário da Reuters.