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Urnas eletrônicas sem emissão de recibo continuam a ter uso amplo nos EUA

Publicado 20.09.2016, 11:51
© Reuters. Funcionário demonstra utilização de urna eletrônica em Fairfax, no Estado norte-americano da Virginia

Por Andy Sullivan

WASHINGTON (Reuters) - Um de cada quatro eleitores registrados dos Estados Unidos mora em áreas que usarão urnas eletrônicas que não emitem recibo de papel na eleição presidencial de novembro, apesar dos temores de que estão sujeitas a violações e mau funcionamento, de acordo com uma análise da Reuters.

A ausência de um registro de papel torna impossível verificar de maneira independente se os sistemas já antigos de tela sensível ao toque são precisos, dizem especialistas em segurança, em um ano no qual supostos hackers russos invadiram grupos políticos e sistemas de votação estaduais e o candidato republicano Donald Trump disse que a eleição pode estar sendo "manipulada".

As autoridades eleitorais insistem que as máquinas são confiáveis, mas os especialistas afirmam que elas estão repletas de defeitos e brechas de segurança que podem fazer com que os votos sejam registrados incorretamente.

Uma análise de dados do Escritório do Censo dos EUA, da Comissão de Assistência Eleitoral e do grupo de monitoramento Fundação Votação Verificada feita pela Reuters mostrou que 44 milhões de eleitores registrados, que representam 25 por cento do total, vivem em jurisdições que dependem de sistemas sem papel, entre eles milhões em Estados indefinidos como Geórgia, Pensilvânia e Virgínia.

O quadro vem melhorando gradualmente desde a eleição presidencial de 2008, quando 31 por cento dos eleitores dos EUA moravam em áreas que usavam os sistemas de tela sensível ao toque sem papel. Em 2012, 27 por cento viviam em jurisdições que empregam este sistema.

"Está claro que ainda temos muito o que fazer para garantir que todos os norte-americanos tenham acesso a uma forma de tecnologia de votação em que possam confiar", disse Alex Halderman, professor de ciência da computação da Universidade de Michigan que ajudou a revelar falhas de segurança em sistema de tela sensível ao toque.

A maioria destas máquinas se aproxima do final de sua provável vida útil, o que as torna mais vulneráveis a problemas. E o Congresso não libera verba para atualizações desde 2002, pouco depois da polêmica batalha de recontagem de votos de 2000 na Flórida, que ressaltou as falhas dos sistemas antiquados de perfuração de cartão e de seleção de botão.

Em alguns Estados surgiu uma grande discrepância entre áreas mais pobres que continuam a usar urnas eletrônicas sem papel e áreas mais ricas que compraram novos sistemas de escaneamento ótico que processam cédulas de papel, o que muitos especialistas dizem ser uma maneira melhor de garantir eleições precisas.

© Reuters. Funcionário demonstra utilização de urna eletrônica em Fairfax, no Estado norte-americano da Virginia

As autoridades eleitorais dos EUA têm conhecimento das limitações dos sistemas de tela sensível ao toque desde logo depois de eles serem amplamente adotados no início dos anos 2000, quando pesquisadores mostraram que os resultados das votações podem ser manipulados com ferramentas simples como um ímã e um dispositivo portátil como um palmtop.

Os sistemas produziram resultados questionáveis em alguns pleitos. Na Flórida, mais de 18 mil máquinas iVotronic não registraram nenhum voto para uma eleição legislativa de 2006, na qual a disputa foi definida com uma vantagem de menos de 400 votos.

(Reportagem adicional de Dustin Volz)

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