Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano refutou nesta quinta-feira um jornalista italiano conhecido segundo o qual o papa disse que o inferno não existe.
O Vaticano emitiu um comunicado depois que os comentários se disseminaram nas redes sociais, dizendo que eles não refletem propriamente o que o pontífice disse.Eugenio Scalfari, ateu confesso de 93 anos que desenvolveu uma amizade intelectual com Francisco, se encontrou com o papa recentemente e escreveu um longo artigo que incluiu uma seção de perguntas e respostas no final.
Segundo o Vaticano, o papa não lhe concedeu uma entrevista, e o artigo "foi fruto de sua reconstrução", e não uma "transcrição fiel das palavras do Santo Padre".
Scalfari, fundador do jornal italiano La Repubblica, se orgulha de não tomar notas nem usar gravadores em seus encontros com líderes e de mais tarde reconstruir as conversas para escrever artigos detalhados.
De acordo com o artigo de Scalfari, publicado na edição desta quinta-feira do La Repubblica, ele perguntou ao papa para onde vão as "almas ruins" e se são punidas. Segundo ele, Francisco respondeu: "Ela não são punidas. Aquelas que se arrependem recebem o perdão de Deus e assumem seu lugar entre as fileiras daquelas que o contemplam, mas aquelas que não se arrependem e não podem ser perdoadas desaparecem. Não existe um inferno, existe o desaparecimento de almas pecaminosas".
A catequese universal da Igreja Católica diz: "O ensino da Igreja Católica afirma a existência do inferno e sua eternidade". Ela também fala do "fogo eterno" e acrescenta que "a principal punição do inferno é a separação eterna de Deus".
Esta foi no mínimo a terceira vez em que o Vaticano emitiu um comunicado se distanciando dos artigos de Scalfari sobre o papa, incluindo um de 2014 no qual o jornalista disse que o líder católico havia abolido o pecado.