Por Maria Ramirez
PUERTO ORDAZ, Venezuela (Reuters) - Autoridades venezuelanas disseram nesta terça-feira ter prendido 28 pessoas no Estado de Bolívar, no sul do país, por roubos e desordem durante o Natal, na mais recente agitação durante uma severa crise econômica.
Houve protestos dispersos e bloqueios em estradas no país sul-americano membro da Opep nos dias recentes por escassez de alimentos, cortes de energia, altos preços e racionamento de combustível.
O chefe da câmara de comércio local, Florenzo Schettino, disse à Reuters que 10 negócios – em maioria lojas de bebidas – foram saqueados na noite do dia de Natal em Bolívar, que tem vivenciado agitações em diversos pontos durante os últimos quatro anos de recessão brutal.
Nos Estados ocidentais andinos, a polícia e soldados protegiam postos de gasolina, onde havia longas filas e clientes podiam somente encher até 35 litros por veículo.
“Nós estamos perdendo tanto tempo... O governo está testando a paciência do povo”, disse o motorista de ônibus Pedro Piña, aguardando horas para comprar combustível no Estado de Barinas.
Críticos culpam o presidente Nicolás Maduro e o governista Partido Socialista pelo desastre econômico da Venezuela, dizendo que eles persistiram com políticas estadistas fracassadas por muito tempo e fecharam os olhos para a crescente corrupção e ineficiência.
O governo diz ser uma vítima de uma “guerra econômica” feita por oponentes políticos e potências estrangeiras de direita, com objetivo de derrubar Maduro em um golpe.
“Isto só pode ser revertido com profundas reformas econômicas”, disse o deputado da oposição e economista Angel Alvarado.
No Estado de Zulia, no oeste do país, centenas de milhares de pessoas ficaram no escuro na véspera de Natal, gerando fúria entre aqueles que haviam juntado dinheiro e buscado produtos durante o dia para preparar um tradicional jantar familiar.
“Eu passei o dia inteiro estressada – e então as luzes acabaram. Que Natal patético”, disse Lilibeth Rodríguez, de 40 anos, cujo encontro familiar foi arruinado.
(Reportagem de Maria Ramirez; Reportagem adicional de Francisco Aguilar, em Barinas, Isaac Urrutia, em Maracaibo, Anggy Polanco, em San Cristobal)