Por Javier Andres Rojas e Steven Grattan
IPIALES, Colômbia (Reuters) - Mais de 200 venezuelanos cruzaram ilegalmente a fronteira com o Equador nesta terça-feira, fugindo de uma profunda crise política e econômica no país, em uma corrida desesperada para chegar ao Peru antes de novas restrições entrarem em vigor no sábado.
Neste ano, 423 mil venezuelanos entraram no Equador pela fronteira de Rumichaca, próxima à cidade colombiana de Ipiales, no sudoeste do país. Alarmado, o Equador colocou em vigor no sábado passado regras exigindo que venezuelanos mostrassem passaportes, ao invés de somente carteiras de identidade. O Peru irá fazer a mesma coisa neste sábado.
Centenas de imigrantes que haviam começado a viajar de ônibus e a pé há dias da Venezuela para a Colômbia antes da política ser alterada cruzaram o ponto de controle de Rumichaca nesta terça-feira. Mais de uma dúzia de policiais equatorianos observou os imigrantes, mas não fez nada para impedi-los.
“Nós só queremos que o Equador nos apoie para seguirmos avançando ao Peru, onde podemos trabalhar”, disse Yorian Alcides Gamez, conforme outros imigrantes cantavam o hino nacional.
Eles planejam andar 840 quilômetros em condições congelantes até a travessia de Huaquilla, no Peru.
“Nós estamos andando para o Peru, nós estamos a caminho. Vocês não acreditariam no número de pessoas”, disse o estudante de turismo Antony Viñales, de 23 anos.
Assim como Gamez e Viñales, centenas de imigrantes haviam planejado cruzar legalmente com suas carteiras de identidade venezuelanas para encontrar trabalho no Equador, Peru ou Chile.
Dormindo em tendas ou nas ruas, a tensão aumenta conforme condições pioram, imigrantes se queixam do frio e do pouco dinheiro que possuem para comida, que está acabando. Discussões começaram a acontecer, conforme expressaram irritação com o Equador.
“Nós estamos muito decepcionados, nos sentimos sozinhos, desesperados, nós nunca imaginamos que o governo do Equador iria fazer isto conosco, quando no meu país eles são tão bem recebidos quando há necessidade”, disse Deisy Santana, engenheira civil de 48 anos. “Algumas pessoas estão viajando a pé há 30 dias e seus pés estão destruídos.”
Os ministérios das Relações Exteriores e do Interior do Equador não responderam imediatamente pedidos de comentários.