PARIS (Reuters) - A visita agendada do papa Francisco à França na próxima semana tem suscitado debate na classe política francesa, com políticos de esquerda criticando o presidente por ir participar da missa, enquanto a extrema-direita se opõe às opiniões positivas do papa sobre imigração.
Francisco viajará para Marselha, uma porta de entrada histórica para imigrantes, onde deverá enviar uma mensagem de tolerância para com os migrantes e realizar a sua missa dominical para um público esperado de 60 mil pessoas em um famoso estádio de futebol da cidade.
O Palácio do Eliseu, sede do governo francês, confirmou nesta quinta-feira que o presidente Emmanuel Macron participará da missa, o que imediatamente causou uma enxurrada de críticas de políticos de esquerda que disseram que isso vai contra os valores seculares do Estado francês.
"Um presidente não deve mostrar preferência por uma religião em particular", disse o chefe do Partido Comunista Francês, Fabien Roussel.
Conselheiros de Macron disseram que líderes franceses já tinham assistido a missas antes e que existe uma "confusão" sobre o significado de secularismo.
"A República não reconhece nem financia nenhuma religião, mas isso não exclui de forma alguma o fato de a República dever cultivar relações com todas as religiões", disse um conselheiro.
Macron não receberá a comunhão durante a missa, disseram.
"Discordo do papa Francisco. Ele tem o prisma de um papa sul-americano que não conhece realmente o tipo de imigração que conhecemos e que, claramente, não percebe totalmente com o que estamos lidando", disse Marion Marechal, sobrinha da líder de extrema-direita Marine Le Pen e candidata às eleições para o Parlamento Europeu do próximo ano, à TV BFM nesta quinta-feira.
Francisco tem feito do apoio aos migrantes um tema importante de seu pontificado. Os seus discursos apaixonados, que qualificaram a exclusão de migrantes como "escandalosa, repugnante e pecaminosa", o colocaram em rota de colisão com políticos de direita na Europa.
A França, lar da maior comunidade muçulmana da Europa, frequentemente se vê envolvida em debates sobre imigração.
(Por Michel Rose, Elizabeth Pineau e Philip Pullella)