BEIRUTE (Reuters) - Uma revista do grupo militante Estado Islâmico publicou uma entrevista com a francesa que é viúva de um homem que fez reféns em Paris, Hayat Boumeddiene, na primeira confirmação de que ela está em território sob seu controle, que abrange partes da Síria e do Iraque.
A França iniciou uma investigação sobre Hayat, de 26 anos, depois que a polícia invadiu em janeiro um supermercado judaico onde seu marido, Amedy Coulibaly, havia feito reféns, dos quais quatro foram mortos com Coulibaly. Autoridades descreveram-na como uma mulher armada e perigosa.
Altos funcionários turcos disseram no mês passado que Hayat havia estado na Turquia cinco dias antes do tiroteio, mas depois cruzou a fronteira para a Síria, em 8 de janeiro.
A publicação desta quarta-feira da página online em francês do Estado Islâmico, Dar al-Islam, traz uma edição sobre os atentados em Paris e inclui uma entrevista com uma mulher que diz ser a viúva de Coulibaly, embora seu nome não tenha sido divulgado.
A Reuters não pôde verificar imediatamente a autenticidade da entrevista, que não traz fotos ou vídeos de Hayat.
Questionado sobre como se sentiu quando entrou no "califado", o termo que o Estado islâmico usa para o território que controla, ela disse, segundo a revista: "Não encontro quaisquer dificuldades (ficando aqui). É bom viver na terra regida pelas leis de Deus."
Ela também afirmou que seu marido era partidário do Estado Islâmico. O próprio Coulibaly havia dito que estava realizando o ataque em nome do Estado Islâmico.
Dezessete pessoas, incluindo jornalistas e policiais, foram mortas em três dias de violência iniciados com um ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo, em 7 de janeiro, e encerrado com a tomada de reféns em um supermercado kosher. Dois outros homens armados foram mortos.
Uma fotografia oficial da polícia francesa mostra Hayat como uma jovem mulher com cabelos escuros longos e soltos.
A imprensa francesa divulgou fotos que seriam de uma Hayat totalmente encoberta, posando com uma besta em mãos, numa suposta sessão de treinamento em 2010 na região montanhosa de Cantal.
A imprensa francesa afirmou que a mãe de Hayat morreu quando ela era criança. O pai teve de se esforçar muito para cuidar de sete filhos e trabalhar. Ela perdeu o emprego como caixa quando se converteu ao islamismo e começou a usar o niqab, o véu facial muçulmano.
(Reportagem de Oliver Holmes em Beirute e Ali Abdelatti no Cairo)