BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quinta-feira que é preciso acabar com a "farra" da criação de novos partidos com o apoio do governo, um recado claro de que desaprova a tentativa de criação do PL.
O pedido de registro do Partido Liberal (PL), apoiado pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, ocorreu na última segunda-feira, dois dias antes de a presidente Dilma Rousseff sancionar, com um veto parcial, a lei aprovada pelo Congresso que dificulta a fusão entre legendas.
"Precisamos acabar com a farra da criação de partidos políticos, principalmente de partidos patrocinados pelo governo, que pretende fazer a fusão para levar aliados", disse Renan a jornalistas nesta quinta-feira.
A movimentação para a criação da nova sigla, com a intenção fundi-la com o PSD de Kassab e criar bancadas de peso na Câmara e no Senado, já vinha provocando rusgas desde o ano passado na relação entre o governo e o PMDB, que teme perder espaço.
"Como pode o governo patrocinar uma coisa que objetiva diminuir o tamanho do aliado?", questionou o presidente do Senado. "Do ponto de vista da articulação política do governo no último mês, essa foi a pior criação", disse.
"Uma coisa é criar um partido na forma da lei. Outra coisa é criar um partido sob o Ministério das Cidades e o Ministério da Educação", acrescentou Renan.
O ex-ministro da Educação Cid Gomes, que deixou o posto na semana passada depois de pesada sessão na Câmara após troca de farpas com deputados e com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia mencionado a intenção, no fim do ano passado, de criar uma frente de partidos mais à esquerda para facilitar a governabilidade da presidente no Congresso.
Na quarta-feira, Cunha disse estranhar que o pedido de criação do PL tenha ocorrido dias antes da sanção da lei.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)