BRUXELAS (Reuters) - O órgão regulador de aviação alemã, Luftfahrtbundesamt (LBA), não sabia de antecedentes médicos do copiloto Andreas Lubitz antes do acidente com um avião da companhia aérea Germanwings, que matou 150 pessoas, afirmou à Reuters neste domingo a LBA.
Lubitz, que pode ter conduzido intencionalmente o avião para uma queda nos Alpes franceses, interrompeu sua formação de piloto por vários meses em 2009 e, após reiniciar, informou à escola de treinamento de pilotos da Lufthansa, por e-mail, que havia superado um período de depressão grave.
A Lufthansa, controladora da Germanwings, afirmou que o copiloto passou por todos os exames médicos e de aptidão ao reiniciar o treinamento.
O LBA, órgão alemão que emite as licenças dos pilotos com base em certificados anuais concedidos por médicos e pode impor restrições aos profissionais, declarou que não tinha "nenhuma informação mesmo" sobre esse período de depressão, antes do acidente.
Segundo a regulamentação europeia, os médicos devem enviar as condições psiquiátricas de pilotos para a autoridade de licenciamento. Os regulamentos não especificam se isso também se aplica aos pilotos que sofreram de problemas psiquiátricos no passado.
"A Lufthansa cumpre a sua obrigação de fornecer informações ao LBA", disse a companhia em comunicado neste domingo.
A empresa não quis fazer mais comentários sobre o caso Lubitz, explicando que a investigação ainda está em curso.
A Lufthansa também recusou-se a dizer para quem Lubitz havia enviado o e-mail em 2009 informando sobre a depressão à escola de voo.
A declaração do LBA vem um dia depois de a Comissão Europeia afirmar que seu regulador da aviação EASA encontrou "problemas" com a autoridade de aviação da Alemanha em uma revisão periódica dos procedimentos de segurança aérea.
A Comissão Europeia não precisou quando a revisão foi realizada. Entretanto, o Wall Street Journal disse que a Comissão pediu, em novembro, que Berlim "remediasse problemas de longa data", meses antes da queda do avião da Germanwings.
Autoridades da UE constataram que o LBA tinha uma falta de pessoal, o que pode ter limitado sua capacidade de realizar controles necessários dos aviões e da tripulação, como exames médicos, informou o jornal, citando duas fontes familiarizadas com o assunto.
Entretanto, o jornal afirmou que não estava claro se as deficiências identificadas no LBA foram motivos para a queda.
(Por Foo Yun Chee; reportagem adicional de Michelle Martin e Victoria Bryan)