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ESTREIA-“Selma - Uma Luta Pela Igualdade” revive marcha histórica pelos direitos civis nos EUA

Publicado 04.02.2015, 16:29
© Reuters. Oprah Winfrey, produtora do filme "Selma", ao lado do ator  David Oyelowo, que faz o papel de Martin Luther King Jr, e da diretora do filme  Ava DuVernay

SÃO PAULO (Reuters) - Episódio central na luta pelos direitos dos negros norte-americanos, a marcha de Selma, no Alabama, em março de 1965, foi, por anos, o sonho de diversos cineastas.

Diretores com perfis e estilos tão diferentes como Michael Mann, Stephen Frears, Paul Haggis, Spike Lee e, mais recentemente, Lee Daniels ("Preciosa: Uma História de Esperança") abraçaram o projeto. Mas nenhum encontrou condições para concretizá-lo.

A glória e o desafio couberam, afinal, a uma diretora relativamente novata, Ava DuVernay – que já havia vencido, em 2012, um prêmio de direção em Sundance pelo drama "Middle of Nowhere". Uma vitória que resultou em parcerias decisivas, como a com o ator britânico David Oyelowo, que atuou no filme, além de produtores poderosos, como Oprah Winfrey e Brad Pitt.

O que era à primeira vista uma desvantagem – a experiência restrita a filmes de baixíssimos orçamentos para os padrões de Hollywood ("Middle of Nowhere" custou cerca de 200 mil dólares) - , acabou tornando-se um trunfo, já que a diretora contou com não mais do que 20 milhões de dólares para realizar "Selma - Uma Luta pela Igualdade".

Uma soma que parece muito mais na tela, dada a excelência das reconstituições da marcha e a consistência de toda a produção. Qualidades que tornam suas solitárias duas indicações ao Oscar – melhor filme e canção original – uma das grandes injustiças da temporada anual de premiações.

Partindo de um roteiro de Paul Webb, a diretora recria na tela poucos meses da história dos Estados Unidos, mas recheados de acontecimentos dramáticos, e que começam em 1964, quando o reverendo e ativista Martin Luther King (David Oyelowo) recebe o prêmio Nobel da Paz.

Na época, o reverendo, defensor da não-violência com a mesma veemência com que se batia pelo fim da discriminação contra os negros, era uma figura notória o suficiente para estar na mira do FBI, que o vigiava sem descanso, e ser recebido como interlocutor pelo presidente democrata, Lyndon Johnson (Tom Wilkinson).

King tentava convencer o presidente a baixar uma legislação mais abrangente, visando garantir o direito ao voto da população afrodescendente. Apesar de nominalmente permitido, o registro de eleitores negros era impedido por toda sorte de subterfúgios e intimidações, particularmente nos estados do sul, como o Alabama, governado pelo reacionário George C. Wallace (Tim Roth), eleito com uma plataforma declaradamente segregacionista.

É neste Estado, na pequena cidade de Selma, que Luther King e diversos ativistas preparam uma marcha pela igualdade de direito de voto, que deveria atingir Montgomery, capital do Alabama. Mas a primeira tentativa da marcha, a 7 de março de 1965, terminou tornando-se conhecida como "Domingo Sangrento", dada a violenta repressão das autoridades, que espancaram e feriram seriamente vários dos cerca de 600 manifestantes.

Entre eles, não estava Luther King, que tivera problemas familiares. Ele estaria, porém, à frente da segunda tentativa, dias depois, que foi engrossada por participantes de diversas partes do país – vários deles, brancos -, novamente tentando cruzar a ponte Edmund Pettus, palco do "Domingo Sangrento". E que só teria sucesso numa terceira tentativa.

Apesar de serem fatos conhecidos, com intensa cobertura da imprensa, o filme constrói um sintomático suspense ao aprofundar os diversos personagens em seus impasses e contradições no preparo daqueles acontecimentos. Destaca-se, assim, a indispensável aliança entre King e diversos outros ativistas, como Ralph Abernathy (Colman Domingo), Amelia Boynton (Lorraine Toussaint), John Lewis (Stephan James) e dezenas de outros, evidenciando a força de um trabalho coletivo, ao invés da heroicização de um único homem.

Ainda que a família de King não tenha autorizado o uso dos famosos discursos do reverendo (e sua viúva, Coretta King, faça uma ponta no final), David Oyelowo consegue recriar, com vívido carisma e diálogos que parafraseiam a essência de seu pensamento, um dos personagens mais importantes na luta pelos direitos civis nos EUA, que foi assassinado em 1968, aos 39 anos.

© Reuters. Oprah Winfrey, produtora do filme "Selma", ao lado do ator  David Oyelowo, que faz o papel de Martin Luther King Jr, e da diretora do filme  Ava DuVernay

Uma parte do impacto do filme neste momento atual provém, sem dúvida, de uma inesperada e trágica atualidade de seu tema, devido a inúmeras mortes de negros desarmados nos EUA nas mãos da polícia, como Michael Brown, Eric Garner e Tamir Rice, sem que os agentes, na esmagadora maioria dos casos, sejam levados a julgamento. Nada disto poderia ter sido previsto quando a produção de "Selma..." começou. Mas certamente adiciona material para colocar em paralelo os dois momentos.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb 2015-02-04T175921Z_1006900001_LYNXMPEB130UP_RTROPTP_1_CULTURA-FILME-ESTREIA-SELMA.JPG

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