Embraer mantém previsões para 2025 após evitar tarifa mais alta dos EUA
Janeiro vai chegando ao fim com os mercados financeiros sentindo menos firmeza no novo presidente dos Estados Unidos, que já se dedica a cumprir as polêmicas promessas de campanha. Até então, os investidores ignoravam as medidas protecionistas que vinham sendo tomadas por Donald Trump, apoiando-se nos estímulos expansionistas à economia norte-americana. Mas as decisões contra imigrantes confundiram aliados e empresas, deixando o cenário repleto de dúvidas.
A agenda Trump continua sendo o maior fator de volatilidade nos negócios, capaz de barrar a investida dos investidores de avançar na tomada de risco. O dólar é o grande destaque e já ensaia uma recuperação, após registrar perdas aceleradas na sessão asiática. A moeda chegou a ser negociada nos níveis mais baixos em dois meses, enquanto a demanda por ouro e pelo rendimento dos títulos norte-americanos (Treasuries) cresce como proteção.
Os investidores ainda digerem as tensões provocadas pela ordem de Trump de vetar a entrada de pessoas vinda de sete países muçulmanos e também banir os cidadãos que possuem o Green Card. A decisão inflamou líderes mundiais e grandes companhias, que condenaram a ação e alertaram para os riscos de estrangular o fluxo livre de trabalhadores e do comércio.
Imigrantes com o visto de entrada no país também protestaram em vários aeroportos dos EUA, mas Trump não mostrou qualquer sinal de voltar atrás e disse que se trata de uma questão de manter os EUA seguro. Apenas uma ordem judicial, de um juiz em Boston, aliviou a questão aos passageiros que desembarcaram na cidade, permitindo que eles seguissem seus trajetos.
Em reação, os índices futuros das bolsas de Nova York também recuam, o que contamina a abertura do pregão na Europa. Na Ásia, apenas Tóquio e Austrália abriram, encerrando a sessão em queda. Entre as commodities, o petróleo é negociado abaixo de US$ 53 o barril e o cobre também cai.
Nesse ambiente de maior risco geopolítico e ao comércio internacional vindo dos EUA, a agenda econômica norte-americana desta semana é o grande teste para os negócios e pode disparar o gatilho para uma correção mais forte nos ativos. O destaque fica com o relatório oficial sobre o mercado de trabalho no país (payroll), na sexta-feira.
Antes, na quarta-feira, o Federal Reserve anuncia a primeira decisão do ano sobre a taxa básica de juros e pode atualizar o cenário sobre o processo de normalização monetária com a chegada de Donald Trump à Casa Branca. Já nesta segunda-feira sai o indicador de preços preferido do Fed, o PCE, além da renda pessoal e dos gastos com consumo em dezembro (11h30).
Além do Fed, os bancos centrais do Japão (BoJ) e da Inglaterra (BoE) têm reuniões nesta semana, amanhã e quinta-feira, respectivamente, para decidir sobre a taxa de juros nesses países. No Brasil, o calendário doméstico também está carregado e começa a trazer os números consolidados de 2016.
Hoje sai o resultado das contas do governo em dezembro e no exercício de 2016, às 14h30. Os números devem confirmar o esperado rombo nos cofres públicos, adicionando ingredientes para um ajuste fiscal mais austero neste ano.
Antes, saem o IGP-M de janeiro (8h) e o relatório Focus (8h25). Amanhã, é a vez dos dados sobre o mercado de trabalho no Brasil em dezembro e no acumulado no ano passado. A taxa de desemprego deve renovar o nível recorde de alta, alcançando a marca de 12% e ampliando para mais de 12 milhões o total de pessoas sem ocupação no país.
No dia seguinte, será conhecido o desempenho da produção industrial brasileira em dezembro. Também na quarta-feira acontece o retorno do recesso no Congresso, onde as eleições para a presidência da Câmara (quinta-feira) e do Senado (quarta-feira) são os eventos de relevo.
Também é grande a expectativa pela homologação das delações da Odebrecht, o que pode acontecer com a volta aos trabalhos no Judiciário. Aliás, a lista de acordos premiados pode se avolumar, com a volta do empresário Eike Batista ao Brasil. No aeroporto em Nova York, antes de embarcar de volta ao país, ele disse que "está na hora de ajudar a passar as coisas a limpo". Ele deve pisar em solo brasileiro por volta das 10h30.
Na Europa, as atenções se voltam para o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no último trimestre de 2016 e no acumulado do ano passado, além da inflação ao consumidor na região, ambos amanhã. Dados de atividade, na indústria, no varejo e no setor de serviços dos países da moeda única recheiam o calendário até sexta-feira.
Já na Ásia, vários países ainda celebram as festividades pela chegada do ano do Galo de Fogo, o que mantêm os negócios por lá fechados pelos próximos dias. Segundo a tradição chinesa, trata-se de um ano em que os assuntos profissionais prevalecem, mas a recuperação das finanças é lenta.
O sentimento de partidarismo e de nacionalidade tende a inflar os ânimos, gerando conflitos envolvendo estrangeiros e culturas estrangeiras em diferentes países diferentes, bem como grupos minoritários em busca de libertação. Pelo zodíaco chinês, o Galo não é o melhor diplomata, mas é o representante do trabalhador nato.
Nesse cenário, conflitos civis são esperados. E qualquer semelhança com os fatos logo neste início de 2017 não parecem ser mera coincidência... Para os chineses, o ano 4.715 está apenas começando!