A fabricante de peças em ferro Tupy (SA:TUPY3) informou na segunda-feira, 25, a aquisição da MWM do Brasil, pertencente à americana Navistar International, por 865 milhões de reais.
A MWM é referência em montagem, usinagem e teste de motores, além de fornecer serviços de valor agregado, tendo receita líquida operacional de 2,68 bilhões de reais em 2021.
Já a Tupy é a maior fabricante de blocos e cabeçotes de motores do mundo. Com a aquisição, a empresa se posiciona em dois novos setores: os geradores elétricos a diesel e a reposição de peças e componentes de motores, um negócio contracíclico.
Mas, afinal, por que a Tupy quis comprar a MWM do Brasil? O que deve mudar na operação após o M&A? É a hora de investir em suas ações?
Contração de margem
A Tupy apresentou resultados levemente mais fracos do que o esperado no 4T21, devido à incorporação da Teksid e volumes ainda prejudicados por conta de gargalos relacionados à cadeia de suprimentos. Enquanto a ponta da oferta é prejudicada pela falta de componentes, a ponta da demanda ainda segue reprimida. Observamos também uma contração de margens, mesmo desconsiderando a incorporação da Teksid.
Vale ressaltar que a indústria como um todo foi altamente prejudicada em 2020, apresentando recuperação nos períodos seguintes.
Pontos negativos: nos principais riscos para a tese são a falta de semicondutores e questões macroeconômicas globais, por exemplo, a China, que mostra sinais de uma certa desaceleração no crescimento econômico nos próximos meses diante das medidas de Covid-zero e de novos surtos da doença.
Pontos positivos: por outro lado, a Tupy vem buscando iniciativas de diversificação do portfólio de produtos, bem como adaptação da sua produção às novas tendências no setor automotivo, tais como eletrificação e descarbonização da economia.
Nesse sentido, a aquisição da MWM do Brasil é importante, pois verticaliza a operação da Tupy, além de proporcionar “uma proposta única de valor composta pela integração das atividades de fundição, usinagem, montagem, calibração, validação técnica e serviços de engenharia”, segundo a multinacional brasileira.
O crescimento esperado pelo mercado é entre 10 a 15 por cento ao ano, negociando a 5x EBITDA com receita dolarizada, o que parece interessante. Contudo, buscando um entendimento mais profundo, trata-se de uma empresa que apresentou certa volatilidade nos seus resultados, além de ter ficado aquém do crescimento esperado ao longo dos últimos anos.
Gostamos da gestão e da empresa, mas nos preocupamos com o fator macro (global e falta de semicondutores com impacto direto na cadeia) que pode seguir pesando, além da falta de visibilidade com relação a algumas dessas iniciativas. É sempre bom ir acompanhando para entender melhor, mas, no momento, não nos sentimos confortáveis em recomendar compra para TUPY3.