O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana ligeiramente em alta comparativamente a anterior. O contrato com vencimento março de 2015 encerrou cotado a 16.54 centavos de dólar por libra-peso, 10 pontos acima do preço da sexta-feira passada. Os outros meses tiveram variações positivas de até 20 pontos na semana. Poucos negócios na exportação enquanto muitos traders estavam em Londres atendendo o Jantar Anual do Açúcar naquela cidade.
Os spreads no contrato de açúcar em NY estão alinhados como há muito não se via. Mostram um mercado em custo e carrego, coerente com a percepção de que não existe momentaneamente nenhuma preocupação com a oferta do produto. O março/maio, o maio/julho, o julho/outubro e o outubro/março 2016, estão todos refletindo um carrego ao redor de 10% ao ano. Águas calmas e boas oportunidades para os consumidores industriais capitalizados e com estrutura de armazenagem. O spread justifica.
Desanimadores para as usinas estão os preços do etanol anidro e hidratado, pois despencaram este mês nada menos que 15% em dólares piorando ainda mais o retorno financeiro que já era ruim. Por outro lado, os preços mais baixos na bomba trazem a expectativa de maior consumo do produto e – quem sabe – mudar o hábito do consumidor que resiste voltar a consumir o etanol quando a paridade permanece por longo período acima dos 70%. Com a possível redução de 19% para 15% do ICMS sobre o etanol no estado de Minas Gerais, cujo projeto está sendo discutido na Assembleia Legislativa e deve ser votado ainda este mês, existe aí a possibilidade de um acréscimo significativo de consumo no segundo maior mercado consumidor do país. Comece a apontar os lápis.
Construindo um cenário melhor para o próximo ano, cresce o consenso entre os analistas de mercado de que a safra de cana no Centro-Sul vai terminar mais cedo este ano e muitas empresas começam a trabalhar com o número máximo de moagem de 545 milhões de toneladas. Esse volume, se confirmado, representa uma redução de 8,71% em relação à safra 2013/2014. E para o próximo ano? Que volume é possível? Embora seja um pouco cedo para essas previsões, o fato é que ninguém espera expansão significativa. Os mais otimistas indicam um crescimento de 35 milhões de toneladas. Ou seja, 580 milhões de toneladas. Sabe o que significa isso né?
Devemos ter um consumo adicional de 1,1 bilhão de litros de etanol com a mudança da mistura de 25 para 27,5%. Além disso, uma elevação possível de consumo de etanol no Estado de Minas Gerais. Estima-se uma queda de 4,5% do preço do combustível na bomba naquele estado.
Por outro lado, o dólar mais forte em relação ao real inibe a alta de NY. Acredito que haverá uma resistência psicológica no nível de R$ 1.000,00 por tonelada FOB, atraindo muitas empresas para pensarem sobre seus hedges já a partir de maio/2015 para a safra 2015/2016.
Se Dilma for reeleita, o humor no mercado azeda, a falta de transparência e credibilidade do governo afasta investimentos e o dólar pode chegar, segundo alguns economistas, a R$ 2,5500. Se Aécio levar a faixa presidencial, acredita-se num choque de eficiência com o Armínio Fraga no comando da economia e o dólar revisitando a faixa de R$ 2,2000. Desta feita, a resistência acima mencionada se converteria em 17 centavos de dólar por libra-peso como limite do mercado internacional (base maio) no cenário Dilma e quase 20 centavos de dólar por libra-peso no cenário Aécio.
Dólar a 2.5500 coloca a defasagem do preço da gasolina no mercado internacional em relação ao preço na bomba em mais de 18%. Com dólar a 2.2000 a defasagem míngua para 5%.
O humor do setor melhorou enormemente com o espetacular desempenho do Aécio. As pesquisas erraram feio e não conseguiram capturar o desejo de mudança do eleitorado. Erro grosseiro na metodologia. A eleição está muito longe de estar no papo para Aécio ainda.
Simulando que o candidato do PSDB consiga trazer para si 80% dos votos dados à Marina nos estados em que ele teve mais votos do que Dilma e, assumindo também, que nos estados em que Dilma teve mais votos que Aécio, ele consiga pelo menos 40%, Aécio vai precisar que pelo menos 6% daqueles que votaram em Dilma mudem seu voto. Considerando que 15% dos eleitores admitem mudar de votos de um para outro candidato, reside aí a esperança.