Publicado originalmente em inglês em 08/03/2021
Para os investidores que têm a maior parte das suas aplicações em ações de crescimento, o ano de 2020 foi espetacular. Porém muitos estão agora se perguntando o que fazer.
Embora a demanda por megaempresas de tecnologia ainda seja forte, sua perspectiva de curto prazo ficou incerta com a disparada no rendimento dos títulos públicos americanos.
Sua potencial ameaça está forçando os investidores a reduzir sua exposição a papéis de alto crescimento em meio a temores de que o fim de uma era de juros muito baixos pode estar se aproximando.
Se isso acontecer, será difícil justificar avaliações de mercado tão elevadas das big techs. Essa mudança de sentimento já começou a pesar sobre os investidores desses papéis. O Nasdaq 100 registrou sua terceira semana seguida no vermelho, perdendo US$ 1,6 trilhão em valor de mercado no período.
Esse tipo de movimento brusco tem efeito sobre os aposentados que detêm um grande volume de ações dessas empresas de tecnologia em suas carteiras focadas em renda. De acordo com uma reportagem recente da Bloomberg, as ações de tecnologia agora respondem por grande parte dos planos de aposentadoria oferecidos pelos mais populares fundos de previdência nos EUA.
Exemplo disso é o Fidelity® Contrafund®, que tem US$ 132 bilhões sob gestão e 31,3% de exposição a seis ações que dominam o S&P 500, entre elas: Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) e Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34). Até 31 de dezembro, essas ações correspondiam a quase 24% das participações desses fundos, segundo a matéria.
Por isso, sempre recomendamos que os aposentados diversifiquem suas carteiras com sólidas ações pagadoras de dividendos que estejam no índice Dow Jones Industrial. Essas blue chips não param de distribuir dividendos e, em muitos casos, elevam seus proventos acima da inflação, fornecendo mais caixa aos aposentados.
Abaixo, avaliamos três ações nessa categoria que valem a pena ser consideradas na hora de montar um portfólio focado no crescimento da renda.
1. Home Depot
A gigante do setor de reforma e decoração Home Depot (NYSE:HD) (SA:HOME34) nunca deixou de distribuir dividendos nos últimos 30 anos e, nos últimos 20, fez elevações recordes de mais de 20% nos seus pagamentos anuais aos investidores.
No mês passado, a varejista sediada em Atlanta aumentou seu dividendo trimestral em 10% para US$ 1,65 por ação. O papel, que rende 2,6%, oferece um razoável payout ratio (relação entre dividendos distribuídos e lucro do período) de 50%, sugerindo que ainda tem bastante espaço para aumentar seus pagamentos no futuro, principalmente em vista da sua forte trajetória de crescimento.
No último trimestre, as vendas nas mesmas lojas nos EUA, medida-chave do desempenho de varejistas, cresceram 25%, acima do consenso de 19,1%. A rede de lojas de reforma e decoração está bem protegida contra a concorrência do comércio eletrônico, já que seus produtos são de difícil manejo e, portanto, caros para entregar a consumidores individuais. Com isso em mente, a empresa oferece uma enorme gama de produtos especializados para empreiteiras, que representam uma parcela cada vez mais significativa da sua base de clientes.
2. Visa
A pandemia mundial forçou muitas empresas a cortar ou suspender seus dividendos, criando mais incerteza para investidores de renda fixa. Mesmo assim, diversas companhias não interromperam seus fluxos de proventos, graças à solidez dos seus negócios e forte geração de caixa.
Uma dessas empresas é a Visa (NYSE:V) (SA:VISA34) que, apesar de enfrentar condições adversas de negócios durante a crise sanitária, com as pessoas cortando gastos com viagens, elevou seus pagamentos trimestrais aos investidores em mais de 6%, para US$ 0,32 por ação
Analisando a ação apenas sob a ótica do baixo rendimento de 0,6%, seria possível dizer que a Visa não é uma escolha atraente nessa categoria. Mas esse indicador não fornece uma visão completa.
A Visa tem um payout ratio extremamente sustentável de 20%, o que lhe dá muito espaço para elevar seus proventos. Somente nos últimos três anos, os dividendos da Visa subiram quase 80%. Nos últimos cinco, a ação gerou retornos de 177% no total.
Com a contenção da pandemia e mais pessoas retomando seus gastos normais, a Visa deve voltar a fazer elevações de dois dígitos nos dividendos. Por isso, é uma excelente ação para se ter agora em um portfólio de longo prazo.
3. Coca-Cola
A gigante do setor de bebidas e alimentos Coca-Cola (NYSE:KO) (SA:COCA34) é outra sólida ação pagadora de dividendos para carteiras de longo prazo.
Assim como as principais marcas de consumo, as vendas Coca-Cola estão sendo impactadas pela pandemia de Covid-19, já que houve um enxugamento das suas receitas provenientes de parques de diversão, cinemas e espetáculos durante o distanciamento. Mas o balanço patrimonial da companhia continua forte, e sua gerência segue confiante em sua posição de liquidez.
Numa época em que os consumidores estão mais preocupados com a saúde e evitando bebidas açucaradas, a companhia está expandindo suas ofertas saudáveis. Como parte dos seus esforços para crescer além da marca que leva seu nome e se tornar uma “empresa de bebidas completa”, a Coca está adquirindo startups do ramo de bebidas para melhorar sua imagem junto aos clientes preocupados com a saúde e encontrar novas áreas de crescimento. Entre seus investimentos recentes estão a Honest Tea, laticínios Fairlife e Suja Life LLC.
Em sua última apresentação aos investidores, a empresa garantiu que está comprometida com seus dividendos, que são uma das suas maiores prioridades com base em seu fluxo de caixa livre, que permite adotar um payout ratio de 75% com o tempo.
A US$ 50,79 por ação, as ações da Coca rendem 3,31% ao ano. Esse retorno pode parecer bom demais, mas a companhia tem um longo histórico de aumentar seus proventos, o que tem feito há 58 anos consecutivos. Seu dividendo trimestral de US$ 0,42 por ação mais do que dobrou nos últimos cinco anos.