“O início da invasão” e como preparar o portfólio
O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu oficialmente na segunda-feira, 21, a independência de duas regiões separatistas na Ucrânia: Donetsk e Luhansk. Poucas horas depois, ordenou o envio de tropas russas com a suposta missão de “manutenção da paz”.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por sua vez, não acreditou nessa história e disse que o envio das tropas russas às províncias separatistas da Ucrânia é “o início da invasão” e também mandou os soldados americanos da Otan para a Lituânia e para a Letônia, países vizinhos à Rússia.
Além disso, o governo americano e seus aliados – que incluem França e Reino Unido, por exemplo – prometeram responder com sanções econômicas para punir a Rússia, como restrição de novos investimentos, de comércio e de financiamento americano nas duas províncias separatistas.
Enquanto isso, o líder russo aumentou suas reservas em moeda estrangeira, construiu seu próprio sistema de mensagens financeiras e desenvolveu indústrias locais — tudo para tentar se “blindar” do Ocidente.
Efeitos no mercado e como se preparar
As preocupações com as sanções econômicas contra as duas regiões separatistas da Ucrânia e uma potencial guerra têm feito os investidores fugirem de ativos de risco.
Podemos citar como consequências imediatas do imbróglio geopolítico: (i) disparada das commodities produzidas pela Rússia, como alumínio e petróleo; (ii) salto nos preços do gás natural. Hoje, boa parte é transportada da Rússia para a Europa e passa pela Ucrânia, onde é tributada, e a atual situação tem pressionado ainda mais a inflação na Europa; (iii) a migração dos investidores para ativos de refúgio, como o ouro e outras moedas.
Para enfrentar a volatilidade, selecionamos ações de empresas que ele acredita que podem se beneficiar com o conflito na Ucrânia, mas caso a guerra não ocorra, continuam sendo ótimas pelo crescimento. Confira.
1. PetroRio (SA:PRIO3)
O preço do petróleo disparou na terça-feira, 22, impulsionado pela decisão de Putin de reconhecer a independência de duas regiões separatistas na Ucrânia, com o barril de Brent se aproximando dos 100 dólares (509 reais).
O conflito na Ucrânia também levanta preocupações sobre interrupções no fornecimento de petróleo, pois se houver sanções econômicas, estas poderão paralisar a Rússia.
Nesse cenário, o nosso analista entende que PetroRio pode se beneficiar com a demanda aquecida e oferta restrita. Os preços do petróleo negociados internacionalmente estão aumentando num ritmo mais acelerado desde 1995.
No quarto trimestre, com uma venda de 3,8 milhões de barris de petróleo no trimestre (+3 por cento vs. o 4T20) e sendo beneficiada por um Brent médio +76 por cento maior e um dólar +3,5 por cento mais alto, a PetroRio entregou um crescimento de +102 por cento em sua receita no período.
Em termos de produção, vale ressaltar que a companhia reportou recorde em sua produção média diária no ano (31,6 mil barris por dia) e também a maior receita de sua história, alcançando 4,4 bilhões de reais em 2021.
A petroleira também reportou que atingiu seu menor lifting cost (custo de extração), com uma queda de -20 por cento no período (atingindo 11,8 dólares por barril).
Com caixa líquido e potencial para adquirir os campos de Albacora e Albacora Leste, além de iniciarem o processo de comercialidade de Wahoo, entendemos que PetroRio está pronta para seu próximo grande ciclo de crescimento. Atualmente, negociando a apenas 7x Ebitda, recomendamos comprar.
2. Taurus Armas (SA:TASA4)
A Taurus Armas é uma empresa que estava quase quebrando, mas com a troca de controlador conseguiu se transformar em uma das melhores fabricantes de armas leves do mundo.
Diante do conflito na Ucrânia, vemos que os americanos tendem a comprar mais armas (atualmente, a empresa exporta 80 por cento do seu Ebitda para os EUA). Mesmo com uma desaceleração do mercado americano para compra de armas em 2022, como mostram os dados de intenção de compras do NICS (National Instant Criminal Background Check System), entendemos que Taurus Armas deve continuar entregando crescimento, principalmente no mercado de pistola, no qual ainda tem grande potencial pelas suas vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes (produto de qualidade e mais barato).
Além disso, a fabricante de armas ainda deve começar a produzir com sua joint venture na Índia, onde a Taurus Armas quer aumentar sua presença no mercado por conta da força militar e policial grande, além de outros países asiáticos.
Outro fator favorável para a empresa é a exposição ao cenário internacional, que pode ser positiva em um ano de incertezas domésticas por conta das eleições presidenciais no Brasil. Com resultados dolarizados (uma exportadora) e buscando novos negócios ao redor do mundo, gostamos bastante de Taurus Armas e reforçamos nossa recomendação de compra para TASA4.
3. Kepler Weber (SA:KEPL3)
Por fim, destacamos a Kepler Weber para monitorar de perto. As condições macroeconômicas favoráveis, como commodities agrícolas em alta também por conta da alta demanda e fornecimento global restrito, alavancaram o desempenho da companhia em praticamente todos os seus negócios, com maior destaque para o segmento de armazenagem.
Em 2021, o Ebitda da companhia cresceu +140 por cento. Com os ganhos de eficiência, a companhia vem aproveitando bem o ciclo das commodities, crescendo seu Ebitda em média +65 por cento ao ano desde 2019.
Negociando a apenas 4,3x Ebitda, a companhia já possui uma carteira de pedidos para 2022 para manter seu bom ritmo de crescimento este ano.