Após uma histórica corrida de alta desde o crash de mercado de março de 2020, este ano começou com um cenário macroeconômico bastante diferente. Nos dois primeiros meses do ano, a alta da inflação, a possibilidade de elevação de juros pelo Fed e temores com uma crise econômica pesaram sobre os mercados e provocaram uma ampla liquidação.
A guerra entre Rússia e Ucrânia criou um novo risco para os mercados, ao desestabilizar as finanças globais e montar o palco para outro ciclo inflacionário alimentado pelas commodities.
Embora fosse quase impossível que os investidores de ações protegessem suas carteiras contras essas ameaças, a gestão de risco continua sendo um fator crucial para quem deseja estar no mercado no longo prazo.
A melhor forma de fazer isso é diversificar e comprar ações com betas baixos, isto é, papéis que são menos voláteis do que o mercado acionário geral.
Essas ações podem cair durante correções profundas do mercado, mas com movimentos menos dramáticos do que os players de alto crescimento. E também se recuperarão rapidamente quando houver a retomada do mercado. Entre essas ações estão as de empresas de serviços de energia e gás, operadores de telecomunicações e grandes varejistas.
Identificamos abaixo três dessas ações que os investidores podem avaliar na hora de aumentar a segurança das suas carteiras:
1. BCE
- Rendimento: 5,49%
- Proventos trimestrais: US$0,92
- Capitalização de Mercado US$47,83 bilhões
A maior operadora de telecomunicações do Canadá, a BCE Inc. (NYSE:BCE), é uma ação estável e menos volátil, ideal para carteiras de longo prazo. As empresas de telecomunicações tiveram desempenho ruim durante a pandemia, sem conseguir aumentar significativamente o número de assinantes no momento em que a maioria dos profissionais estava trabalhando remotamente em casa.
Esse período letárgico durante a crise sanitária, que pressionou as ações da BCE, parece ter ficado para trás. O Canadá está removendo rapidamente as restrições relacionadas à pandemia, depois de imunizar a maior parte da sua população. Isso significa que os profissionais irão retornar aos escritórios, aumentando o potencial de alta dos negócios da BCE.
A BCE (TSX:BCE) é uma das maiores pagadoras de dividendos na TSX. Suas ações nos EUA fornecem um rendimento de quase 6%. No mês passado, em seu último balanço, a BCE anunciou uma elevação de 5% em seu dividendo trimestral e aumentou seu programa de gastos para ampliar o alcance da fibra ótica a mais 900.000 novas localidades. A operadora de telecom provavelmente se beneficiará da presença da fibra no próximo ciclo de atualização do 5G.
Por isso, a BCE é uma boa escolha se você não busca retornos espetaculares no curto prazo, preferindo priorizar retornos médios estáveis no longo prazo. O papel fechou o pregão de terça-feira em Wall Street cotado a US$52,61.
2. Walmart
- Rendimento: 1,65%
- Proventos trimestrais: US$0,56
- Capitalização de Mercado US$377,2 bilhões
A maior varejista física de descontos do mundo, Walmart (NYSE:WMT) (SA:WALM34), é uma sólida ação defensiva para ter em carteira, capaz de atuar como hedge contra possíveis quedas no mercado acionário.
Em períodos de aflição, as ações do Walmart historicamente têm um desempenho consideravelmente melhor que o do S&P 500. Durante o crash de mercado de 2020, por exemplo, a ação continuou em terreno positivo, enquanto o mercado mais amplo entrou em bear market. E, nas recessões de 2002 e 2008, o Walmart produziu retornos positivos, enquanto o S&P 500 despencou.
O mais recente exemplo dessa força ocorreu no mês passado, quando a varejista sediada em Bentonville, Arkansas, superou as expectativas de lucro trimestral de Wall Street e revelou um excelente balanço, o que corrobora sua capacidade de lidar bem com a alta da inflação e os distúrbios na cadeia de fornecimento.
A margem bruta da empresa, uma medida ampla de lucratividade, também ficou acima das estimativas dos analistas no quarto trimestre, ao saltar levemente para 23,8%, graças à força dos seus negócios nos EUA.
Os sólidos dividendos do Walmart são um benefício a mais. Com um rendimento de 2% e proventos trimestrais de US$ 0,56, essa ação é uma boa escolha para se ter nos bons e maus momentos do mercado. A companhia possui um impressionante histórico quando o assunto é retornar caixa para os investidores. O WMT fechou o pregão de terça-feira a US$135,99.
3. Coca-Cola
- Rendimento: 2,84%
- Proventos trimestrais: US$0,44
- Capitalização de Mercado US$268,67 bilhões
A gigante do setor de alimentação e bebidas sediada em Atlanta, Coca-Cola (NYSE:KO) (SA:COCA34), é outra candidata ideal para investidores mais avessos ao risco. A empresa paga dividendos há mais de um século, mostrando a força da sua marca e sua capacidade de sobreviver mesmo nos períodos econômicos mais adversos.
Assim como muitas marcas de consumo, a Coca-Cola perdeu vendas devido à pandemia de Covid-19. Mas, com a reabertura da economia global, os próximos dois ou três anos parecem bastante promissores para a companhia, que se beneficiará da demanda reprimida por entretenimento ao ar livre.
De acordo com dados compilados pela Bloomberg, os resultados comparáveis por ação para o quarto trimestre excederam as estimativas pelo novo trimestre consecutivo. O último trimestre também marcou a primeira vez, desde que a pandemia começou, em que o volume proveniente do consumo doméstico ficou acima dos níveis de 2019.
Como parte dos seus esforços para crescer além da marca que leva seu nome e se tornar uma “empresa de bebidas completa”, a Coca está adquirindo startups do ramo de bebidas para melhorar sua imagem junto aos clientes preocupados com a saúde e encontrar novas áreas de crescimento.
No momento em que consumidores mais atentos ao seu bem-estar se afastam de bebidas açucaradas, a proprietária das marcas Minute Maid, Simply, Dasani e Schweppes está expandindo suas ofertas saudáveis. Entre seus investimentos recentes estão a Honest Tea, laticínios Fairlife e Suja Life.
A Coca-Cola fechou o pregão de terça-feira cotada a US$61,97 por ação.