As ações da Tesla (NASDAQ:TSLA) enfrentaram um ano conturbado em 2025. Até o momento, os papéis acumulam queda superior a 35%, enquanto o mercado como um todo recuou cerca de 6,75%. A empresa perdeu dezenas de bilhões em valor de mercado, desafiando a convicção de seus investidores.
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Recentemente, no entanto, começaram a surgir sinais de possível recuperação. As ações encerraram o pregão anterior com alta de 3,50%, a US$ 259,51, e seguem em alta no pré-mercado.
Esse movimento de retomada é alimentado por uma combinação de fatores que podem mudar o rumo da companhia neste ano. Para investidores avaliando o potencial de recuperação da Tesla, três vetores de crescimento merecem atenção.
1. Elon Musk retoma o comando com foco renovado
O CEO da Tesla, Elon Musk, anunciou que pretende reduzir "de forma substancial" sua atuação no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), conselho consultivo vinculado à administração do presidente Donald Trump.
A declaração representa uma guinada relevante de foco de volta à Tesla, após meses de envolvimento político que geraram boicotes e polêmicas em diversas regiões do mundo. A partir do próximo mês, Musk pretende limitar sua participação no governo a um ou dois dias por semana.
Essa mudança ocorre em um momento crucial para a montadora de veículos elétricos. O relatório trimestral mais recente da Tesla trouxe dados preocupantes: queda de 20% nas vendas de veículos e recuo de 70% no lucro, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Musk afirmou diretamente que passará a dedicar "uma proporção muito maior do meu tempo à Tesla", declaração bem recebida pelo mercado. Após o anúncio, as ações subiram 5% no after market. Com o retorno da liderança e da capacidade de inovação de Musk ao núcleo executivo da empresa, a Tesla ganha espaço para tratar de questões operacionais e da estratégia de produtos com mais atenção.
2. Explosão de crescimento na Tesla Energy
Enquanto a divisão automotiva enfrenta dificuldades, a Tesla Energy tem se destacado como protagonista. Em 2024, a empresa entregou 31,4 GWh em sistemas de armazenamento de energia, mais que o dobro dos 14,7 GWh registrados em 2023. O que antes era visto como um projeto secundário, tornou-se uma fonte relevante de receita — já responsável por mais de 10% do faturamento total da Tesla.
O impacto financeiro é expressivo: a unidade de energia gerou US$ 10,09 bilhões em receita no ano passado, crescimento de 67% na comparação anual. Ainda mais impressionante é o lucro bruto, que atingiu US$ 2,6 bilhões, mais que o dobro do ano anterior.
Com a Megafactory de Lathrop operando a plena capacidade e a nova unidade em Xangai prestes a iniciar produção em massa em 2025, analistas de mercado já avaliam a divisão Megapack em cerca de US$ 120 bilhões, classificando-a como um "gigante adormecido" com potencial para superar a área automotiva da empresa. Essa diversificação vem sustentando um fluxo de receitas com menor concorrência do que o segmento de veículos elétricos.
3. Ambiente regulatório mais favorável à condução autônoma
O Departamento de Transportes dos Estados Unidos introduziu um novo arcabouço regulatório para veículos autônomos, que reduz significativamente as exigências de reporte para empresas do setor. Essa flexibilização representa um avanço estratégico para a Tesla, especialmente com o lançamento do aguardado Cybercab, o robô-táxi projetado sem volante, pedal de freio ou outros controles tradicionais.
As novas diretrizes devem facilitar a pesquisa e produção de veículos autônomos por fabricantes domésticos, mesmo que esses modelos não atendam a todos os padrões federais de segurança vigentes. A medida chega em momento oportuno, já que Musk anunciou um novo projeto para o verão, focado no Cybercab, que pode abrir uma nova frente de receita via transporte sob demanda.
Com menos barreiras regulatórias, a Tesla poderá colocar frotas de veículos autônomos nas ruas muito antes do previsto e escalar essas operações com maior rapidez, posicionando-se de forma vantajosa para capturar uma fatia relevante de um mercado multitrilionário que muitos analistas acreditam estar em formação.
Se a Tesla conseguir transpor os obstáculos regulatórios e, ao mesmo tempo, entregar a capacidade autônoma prometida, a companhia poderá redefinir sua trajetória de crescimento e os múltiplos atribuídos às suas ações.