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A Cobra Vai Fumar

Publicado 03.12.2014, 14:34

Um pedido

Pedi ao Beto para assumir o posto excepcionalmente hoje pois tenho um pedido simples a lhes fazer: que leiam a tese O Fim do Brasil II - O Segundo Mandato. Estou certo de que a leitura pode ser valiosa e oferecer proteção aos patrimônios de cada um dos leitores.

O texto é longo - reconheço. Mas trocar alguns minutos por algo que pode representar a mudança financeira de uma vida inteira é um trade razoável, não é mesmo? Por isso, o convite é bastante direto à leitura integral do documento.

Há quatro meses, venho alertando para a deterioração da economia brasileira e seus desdobramentos sobre as finanças e o modo de vida de nossas famílias. Com a tese renovada, você poderá verificar, por si mesmo, como as coisas têm caminhado nos últimos meses e para onde estamos caminhando.

Assim, poderá decidir, sem consultar ninguém, se precisa ou não adotar medidas para proteger seu patrimônio. Até mesmo decisões financeiras cotidianas podem estar em jogo.

O Fim do Brasil tem sido meu projeto de vida profissional nos últimos meses - estou realmente perplexo com a velocidade com que a situação tem piorado e como as hipóteses de meu argumento original vêm sendo atestadas. Pode ser ainda pior.

Uma convicção

Como a maior parte deve saber, ontem comemoramos cinco anos de Empiricus, em evento com palestras geniais - sem nenhum exagero aqui - de Pedro Cerize, Alexandre Schwartsman e Fernando Henrique Cardoso.

Além de vários insigths proveitosos e - confesso - orgulho do que realizamos, sai com grande clareza sobre as dificuldades a serem enfrentadas por Joaquim Levy.

Explico e gostaria que notasse a sutileza das palavras. Ninguém aqui é, nem de longe, Graciliano Ramos, mas havemos de ter certa precisão nos termos.

Há questões de economia, tanto na esfera positiva (descrição e explicação dos fenômenos), quanto na alçada normativa (como deveria ser). Tenho convicção da capacidade do novo ministro da Fazenda em endereçá-los com precisão - note que não era o caso da equipe anterior, viciada num arcabouço teórico ultrapassado e desconectado com as evidências empíricas.

Entretanto, a transformação dos elementos do parágrafo anterior em benefícios à sociedade é uma questão muito além da ciência econômica: trata-se de política econômica. Ou seja, do convencimento técnico junto a políticos e à própria sociedade, da implementação e da sustentação de medidas, por vezes impopulares.

E aqui a cobra fuma.

O terremoto perfeito

A questão ganha contornos muito mais desafiadores quando ponderada pela convicção e pela orientação teórica do atual governo - outro ponto claríssimo a partir da conversa com o presidente FHC.

Dilma Rousseff realmente acredita ter feito muita coisa em seu primeiro mandato e tem convicção sobre a adequação da política econômica heterodoxa. É possível que até mesmo creia na relação entre a recessão brasileira e a crise internacional.

Acho natural Joaquim Levy assumir o cargo com autonomia, ainda que não irrestrita, para adotar medidas duras. A grande dúvida - talvez a palavra apropriada seja descrença - está na capacidade de continuar perseguindo o ajuste num momento adverso.

Ajustes econômicos não são indolores. E as dores mais fortes em Pindorama podem manifestar-se simultaneamente à instabilidade política derivada do petrolão e à subida das taxas de juro nos EUA.

Note que a soma de um carry over muito baixo (quanto o crescimento de 2014 é “carregado” para 2015), subidas adicionais da taxa Selic, aperto fiscal considerável e redução dos investimentos de Petrobras impõe um prognóstico particularmente difícil para o crescimento em 2015.

Com desemprego em alta, juros subindo lá fora e crise política aqui, conferir continuidade da autonomia à Joaquim Levy exigirá muita convicção, o que, sinceramente, não parece haver em nenhum dos participantes do núcleo duro do Governo.

Breve pausa

Antes de prosseguir à conclusão, permita-me uma pausa breve. Um pouco de Taleb e Kahneman só tem a ajudar. Deixe-me apresentar rapidamente os conceitos de falácia da narrativa e viés de retrospectiva (hindsight bias).

O primeiro termo foi cunhado por Nassim Taleb para descrever a tendência das pessoas em criar uma narrativa para explicar certos fatos, muitas vezes incorrendo em falácias lógicas, sendo um clássico o caso do post hoc, propter hoc (depois disso, por conta disso). Você inventa uma historinha bonita para explicar coisas que podem ter acontecido por questões simplesmente aleatórias.

A falácia da narrativa guarda relação com o viés de retrospectiva, devidamente estudado pelas finanças comportamentais e por Daniel Kahneman. O hindsight bias é a inclinação a identificarmos um evento, depois de ocorrido, como altamente previsível, mesmo sem haver, de fato, condições para antevê-lo a priori. Refere-se à forma com que lembramos e reconstruímos as coisas em nossas mentes, com versões, por vezes, desapegadas à realidade estrita.

Aterrissando

Voltando ao planeta Levyano.

Meu maior temor é de que, pressionado pelos resultados ruins - e necessários para a retomada à frente -, Joaquim Levy deixe o Governo, como o grande culpado pelo fracasso da economia em 2015 e 2016.

Com a casa inteiramente arrumada, Nelson Barbosa (ou qualquer outro com orientação desenvolvimentista) assume o posto e surfa o crescimento cíclico de 2017 e 2018, virando herói nacional.

Entrará para a história como a superação incontestável da nova matriz econômica sobre a ortodoxia. A hegemonia do “desenvolvimento econômico com inclusão social” e do capitalismo de Estado - seja lá o que isso queira dizer.

O dia em que a Unicamp derrotou The University of Chicago.

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