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A Crise Já Passou? Estamos Vivenciando um Crescimento Sustentável ou uma Bolha?

Publicado 24.07.2020, 08:57
Atualizado 11.10.2023, 23:02

*Carlos Heitor Campani, Ph.D.

No ápice da crise, em meados de março, lembro-me bem de ter feito uma live sobre investimentos e estratégias possíveis naquele momento, especificamente com ações. O pessimismo se mostrava claramente presente nas feições dos participantes. Fiz então uma enquete perguntando quando o Ibovespa retornaria aos cem mil pontos e a resposta foi bastante pessimista. Apenas 10% das pessoas acreditavam que voltaria até o final de 2020, com a maioria assinalando em 2021, e 30% apostando no pior cenário: extensão do isolamento e retomada aos 6 dígitos apenas em 2022.

No fechamento do pregão da última quarta-feira, o Ibovespa fechou acima dos 104 mil pontos. Em outras palavras, até eu fui comedido na opção mais otimista que coloquei na enquete, perguntando se atingiria tal patamar no final deste ano. E já não apenas alcançou, como passou! E estamos em julho ainda. Trata-se, convenhamos, de uma recuperação que apenas os muito otimistas previam. E o que soa contraditório é notar que as principais premissas dos mais pessimistas (os 30%) se revelam muito mais acertadas: o isolamento iria perdurar por bastante tempo e uma vacina eficaz não viria em 2020.

A junção dos cenários vislumbrados pelos mais pessimistas com o profundo descolamento da economia real (aquela que enxergamos ao nosso lado) levanta uma questão importante que remete ao título da coluna de hoje: seria esta retomada da bolsa sustentável e fruto de boas expectativas para a economia brasileira? Ou estaríamos vivenciando uma enorme bolha?

Neste momento, preciso dividir com vocês que sou um otimista inconfundível. Eu sempre vejo o lado meio cheio, acreditando que vai dar certo! Afinal, além de professor e consultor, também sou empresário. No Brasil, ser empresário tem como condição fundamental ser otimista, justamente porque você começa contra tudo e contra todos! Deixo isso bem claro para que eu não seja mal interpretado como alguém que deseja que o Brasil dê errado e que as pessoas percam dinheiro na bolsa. Aliás, muito longe disso. Acredito demais em nosso país, no nosso povo. E não gosto de ver as pessoas perdendo dinheiro, isso me entristece.

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Mas, então, por que eu escrevi este texto? Por um único motivo: para levantar uma discussão e fazer cada um buscar a sua própria reflexão. Se após esta análise, você se sentir confortável com um caminho, seja ele qual for, siga-o de acordo com seus princípios enquanto investidor. Pretendo evitar um dos vieses mais comuns do investidor: o otimismo exagerado. A sequência de altas da bolsa nos meses passados e mesmo nos dias recentes pode acender a heurística do “não tem como dar errado”, o que levaria o investidor a seguir comprando e aumentando suas posições. Se o crescimento for sustentável, tudo bem. Mas se for uma bolha, o investidor precisa ser precavido e gerenciar o risco da sua carteira: lembremos que a bolha cresce de maneira insustentável até estourar, colapsando.

A reflexão que levanto é, mais precisamente, procurar entender os fatores que vêm fazendo o Ibovespa se recuperar tão fortemente. Claro que após toda crise, vem a bonança. Mas o contraponto é que ainda não saímos totalmente da crise. Ainda há incertezas de quando a vacina chegará e se haverá uma segunda onda do vírus em nosso país. E, o que talvez seja muito pior, ainda estamos calculando o verdadeiro impacto do Covid-19 na economia real, pois este é faseado. Eu não sei você por aí, mas eu por aqui, ao meu redor, estou vendo muitas famílias sofrendo com a perda do emprego, postos de trabalho encerrados porque a empresa migrou substancialmente para o online e, para piorar, inúmeras empresas de pequeno e médio porte quebrando. Esta conta ainda não dá para ser feita de maneira precisa.

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Tenho conversado com muitos gestores e investidores que também estão buscando esta mesma reflexão. O que explica essa alta continuada? Alguns constroem teses coerentes, mas muitos não encontram respostas nos fundamentos. E isso é a chave para a análise. Vamos a esta discussão.

Com a taxa Selic em patamares extremamente baixos (rendendo menos que 2% ao ano após IR), muitos investidores se viram obrigados a procurar investimentos de risco. E as ações surgem como candidatos naturais. Além disso, o número de blogueiros, youtubers, instagrammers etc que “conhecem tudo desse mercado e dão dicas valiosíssimas sobre como transformar mil em um milhão de reais” é enorme, estimulando muitas pessoas a investirem na bolsa, mesmo muitas vezes sem o conhecimento adequado. Em interessante reportagem da Exame no início desta semana, vários números instigantes são apresentados. Por exemplo, mais de 20 empresas já têm mais de 100 mil investidores individuais. Outro número que me impressionou decorre desta parte da reportagem:

“No ano passado, para cada 100 reais aplicados em fundos de investimento em ações, havia outros 8,5 reais destinados para compras diretas na bolsa... Neste ano, essa proporção está absurdamente maior: a cada 100 reais aportados em um fundo de ações, outros 75 são investidos diretamente pelos pequenos aplicadores por meio de corretoras.”

Isso quer dizer que se trata de uma bolha? Não necessariamente, claro. Entretanto, este investidor, já amplamente estudado pelas Ciências Comportamentais, tende a ser absolutamente volátil, de modo que em um movimento de queda brusca, ele tende a retirar seus investimentos do risco. Se, com o tempo, os fundamentos não conseguirem explicar o nível atual da bolsa e, se houver alguma fagulha de notícias negativas, pode haver uma ampla fuga da bolsa, explodindo a tal bolha. Isto pois a simples demanda por ações pela entrada de centenas de milhares de novos investidores não pode ser a sustentação, por si, dos preços atuais.

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Por outro lado, existe a tese de que o Brasil ainda é um país achatado e que está prestes a decolar. E, ainda de acordo com esta tese, o ponto central do parágrafo anterior apenas fortaleceria o argumento de que o crescimento da bolsa é sustentável, tendo em vista que sua razão não é esta grande demanda, mas sim os fundamentos. Pelo contrário, esta grande demanda seria a consequência dos bons fundamentos e das boas expectativas adiante. Esta é a tese na qual os compradores acreditam.

Em suma e de forma simplificada, podemos nos resumir a analisar se a maior demanda por ações é a causa ou a consequência, tal como a velha questão do ovo e da galinha (quem veio primeiro?). Ou, lembrando da minha infância: “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”

Se for a causa, por si só, ouso dizer que as condições para a bolha estão postas, bastaria uma fagulha. Mas se for a consequência de ótimos fundamentos, que venham os 120 mil pontos.

Em qual lado estou? Isso não importa, não tenho o objetivo nesta coluna de ser opinativo. Estou aqui apenas para levantar a bola e ajudá-lo a refletir sobre o que é realmente relevante na hora de decidir aumentar ou reduzir sua exposição na bolsa. Todos os bons investidores que conheço fazem este tipo de análise enquanto há tempo. Sugiro que você faça o mesmo.

Forte abraço a todos.

* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, professor do Coppead/UFRJ e especialista em investimentos, previdência privada e pública e finanças pessoais e públicas. Ele pode ser encontrado em seu site pessoal e nas redes sociais @carlosheitorcampani. Esta coluna sai toda sexta-feira.

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Últimos comentários

Falou falou e não falou nada
Com uma interpretação de texto de aluno da 5 série fica difícil mesmo entender...
acho que faltou a posicao dele , ficou no muro
Excelente texto. Cada um que faça a sua reflexão agora. Se alguém afirmar como será o futuro com absoluta convicção, ou é um ignorante, ou um mentiroso querendo lucrar em cima da ingenuidade dos outros (principalmente os recém-chegados ao mercado).  O QI Financeiro prevalece em momentos como esse. Para o investidor pessoa física, que possui responsabilidade apenas sobre seu patrimônio, as oportunidades podem ser melhor aproveitas, de acordo com o risco estabelecido. Isso é uma vantagem.
O que é o mercado senão vontade e tendência. A Pandemia é uma peneira onde empresas serão classificadas. Investir é diferente de especular. A opção é individual.
Como você afirma que não vai ter uma vacina eficaz em 2020 ? Você é médico ?
A qualquer momento essa correção vem!
É nisso que venho pensando, aqueles que estão acreditando mais não tem ainda a disciplina para segurar posição na baixa vai perder em uma queda brusca de correção natural, aí sai da posição, vem o efeito manada e suas consequências!
Façam suas apostas ! Leva muitos ciclos pra entender o jogo : e, tem que pagar pra entrar no jogo,muito caro ! Entrar no murrão aguentando o soco chorando muito ; porque alguém pra vender os lenços nao vai faltar...
Lógico que é bolha. Muitas pessoas físicas na B3, alavancando papéis. OIBR,VVAR3.....
Se aumentou o número de CPFs na bolsa e isso a fez chegar em 105 mil pontos, entao temos a prova de isso NAO É UMA BOLHA obviamente..
uma dúvida, como então U.S.A e Japão existe tantos CPF físico e menso assim sai às economia que se encontra?ou seja quanto mais gente na Bolsa melhor,
mas essa é a questão,tem empresas que estão com preço de papéis muito esticados devido a alta entrada de CPFs ,porém, muitas não tem bons fundamentos, ou seja, não valem o que estão pagando. Um exemplo claro é VVAR ela está subindo na empolgação do mercado, para quem está comprado à menos de 6 reais ótimo, mas para os que querem entrar e um risco muito alto. assim como IRBR,COGN,JHSF dentre outras. Creio que são ativos para DT para ST é loucura
Esta todo mundo alavancado encima de emprestimos Bancarios !! Como isso vai terminar ?
Acredito que por muitas empresas quebrarem e fecharem as portas a demanda de bens,serviços e produção ficariam ociosos,e,pós Pandemia serão absorvidos pelas que sobreviverem e se adaptarem a tecnologia e parcerias fora do ninho para Alavancagem. Assim é o Brasil mutável e não só tradicional e suas empresas.
alguns analistas dizem que o Brasil tava acelerando inicio de2020 é uma piada. Realmente pessoas que vivem com foco em 6 duzia de empresas de bolsa de valores acham que tem um resumo do desempenho setorial no país. Qualquer pessoa que vive o dia a dia do comércio e das empresas sabe nuito bem que 2020 já vinha mal das pernas, com 11 milhões de desempregados. A única aceleração que teve aqui foram as ações da bolsa de valores, que viviam e vivem uma bolha a parte. Enfim, a pandemia chegou só pra mostrar uma face da economia real que especuladores insistiam e insistem nao querendo enxergar. A coisa vai ficar muito pior ainda, basta ver a quantidade de empresas que fecharam as portas em definitivo e demitiram todos os funcionários devido a lerdeza do governo em socorrer as pequenas e médias. Juntas elas representam a maior parte das carteiras assinadas do país. Mas o governo resolveu agir rapido e socorrer primeiro os banqueiros amigos do Guedes, e os industriais, os colegas da bolsa.
Díficil ler tanta besteira em um único comentario.. se o país estava mal entao porque a maior parte dos apoiadores do bolsonaro são empresários, desde os pequenos até os grandes. Rapaz vc tá precisando de uma aula de econômia urgente!
Muito bem colocado! Tem muita gente achando que a crise acabou, e estão comprando acões de forma muito precipitada e sem noção.
Gostaria de acrescentar um aspecto que acredito não foi mencionado. Em nossas análises, não deixemos de levar em consideração a "dinheirama" que os Bancos Centrais da maioria dos países (e aqui não está sendo diferente) está derramando nos últimos meses na economia global.
Um dos raros colunistas que vale a pena ser lido. Parabéns. Abraços.
A questao é a que o Ibovespa representa a elite das empresas nacionais, ao mesmo tempo que na economia real o acesso ao credito e ao refinanciamento é restrito, as companhias listadas tem alternativas para buscar meios de refinanciar divida, levantar recursos e investir para passar a crise e sair fortalecida. Soma-se a isso um fluxo gigante de recursos dos BC’s mundo a fora, onde parte disso veio pro Ibov, e temos essa alta toda, o mercado sempre precifica o futuro. Eu opero tendencia e ela ainda é de alta, mas vale a pena fazer um seguro atraves da compra de PUT de BOVA11 e na venda a descoberto de ação com multiplos muito esticados como WEGE3 ou VVAR3. Essa e minha visão, espero que cada um esteja analisando e se protejendo, bons trades a todos.
PUT é uma opção de venda, e BOVA11 é um ETF que replica o indice Ibovespa.
put é opcao. bova 11 é etf. operar vendido em wege e vvar tem q ter culhao
show. 👏🏽👏🏽👏🏽
Muito bom o texto, excelente reflexão! Mercado financeiro é isso, se antecipar e traçar estratégias para se proteger em diversos cenários diferentes.
Exatamente texto, Carlos. Realmente, de maneira mto pertinente, levanta a bola para se questionar e questionar esse nosso atual cenário. Sempre bom manter o senso crítico acionado.
O que cada um se questiona é : navego nesta onda ou só observo sua passagem ?
Ótimo texto! Instiga a refletir e analisar o momento atual com cautela e sensatez
O autor acredita ser bolha....e eu tbém. Meia dúzia de empresas sustentando o índice!
Será que é por isso que o preço do Ouro tá subindo tanto?? Tem tubarão indo pra lá prevendo algo?! Vou já aportar Cripto pra me segurar se for bolha....
Os BC's no mundo também estão enchendo os cofres.
Se for bolha, vai estourar agora em AGO/2020 com os relatorios Trimestrais desastrosos...
Exatamente.
bolha
saia de cima do muro
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